Marco Aurélio Garcia nega que repatriação de espanhóis seja retaliação

08/03/2008 - 18h52

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O assessor especialpara Assuntos Internacionais da Presidência da República,Marco Aurélio Garcia, disse hoje (8) que a proibiçãoa um grupo de espanhóis de ingressar no Brasil não foiretaliação, e sim aplicação do princípiodiplomático da reciprocidade. Por esse conceito, um paísconcede o mesmo tratamento dispensado a seus cidadãos poroutro país.Garcia disse que o ministro da Justiçalhe relatou ter intensificado os procedimentos relativos àentrada de estrangeiros. “O ministro Tarso Genro me disse:'mantivemos o critério, simplesmente intensificamos um pouco arotina, o que é normal'.”O assessor negou que opresidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha sido consultadopara a repatriação dos espanhóis, como algunsjornais noticiaram. “O ministro Tarso Genro não precisaconsultar o presidente”, afirmou. Diante de pergunta sobre se Tarsofoi consultado, Garcia respondeu: “Acredito que nem o próprioministro... Ele deu uma orientação geral àPolícia Federal. A Polícia Federal não feznenhuma coisa a mais [do que o usual]”.Sobre o princípio da reciprocidade,comentou: “Nós já exercemos esse conceito quando osEstados Unidos impuseram controles que, a nosso juízo,pareciam um pouco exagerados, em relação aosbrasileiros que ingressavam lá. Exigimos aqui que elespusessem a digital, enfim, todos os procedimentos que havia lá.Um país tem que se fazer respeitar”.O grupo de sete espanhóis foi barrado naúltima quinta-feira (6) no aeroporto de Salvador porque nãocumpria exigências brasileiras, como o turista levar um mínimode dinheiro proporcional ao tempo que pretende permanecer no país.Um dia antes, um grupo de brasileiros havia sidoimpedido de entrar na Espanha por motivos semelhantes ou exigênciasde documentos, ficando detidos em uma sala e sendo humilhados poragentes espanhóis, segundo relataram na volta.“Nós temos uma excelente relaçãocom o governo espanhol e não gostaríamos que esse tipode problema viesse empanar esta relação”, disse oassessor. “Evidentemente, nós defenderemos, claramente, aprerrogativa dos brasileiros de serem bem tratados. Se hádeterminadas exigências, que são colocadas para osturistas brasileiros lá, nós vamos cumprir, mas tambémvamos exigir que os espanhóis cumpram aqui.”Marco Aurélio Garcia falou com osjornalistas após um almoço em comemoraçãoaos 200 anos da chegada da Família Real ao Brasil, oferecidopelo presidente português, Aníbal Cavaco Silva, no Riode Janeiro.