Funasa quer criar estrutura permanente para atendimento médico no Vale do Javari

29/01/2008 - 22h04

Beth Begonha
Repórter da Rádio Nacional da Amazônia
Brasília - O secretário executivo da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Josenir Nascimento, afirmouque o órgão pretende atender à demanda doVale do Javari (AM) com a compra de medicamentos e equipamentos médicose de transporte. Para Nascimento, é necessário criar umaestrutura permanente de atendimento a esses povos, tanto na parte deinfra-estrutura como na de capacitação, e disse acreditarque agora isso será possível. “É uma decisãode governo resolver o problema do Javari. Recebemos da secretária executiva da Casa Civil,Erenice Guerra, adeterminação de agir na região em regime deurgência urgentíssima.”A Funasa prepara cursos para capacitar os agentes indígenas de saúde com o objetivo de manter um estritocontrole da situação de contaminação etratamento da população, com dados atualizados. Aproposta é criar um sistema único de informaçãocom acesso público, dando transparência e aumentando aeficiência das ações realizadas na TerraIndígena.Para o secretário executivo da Funasa, resolver os problemas vividos pelospovos indígenas do Javari é saldar uma dívidahistórica. Antes do contato, esses povos viviam longe dasmargens dos rios para onde foram atraídos pela Frente de PovosIsolados da Fundação Nacional do Índio (Funai). Na beira dos rios, passaram a ter contato comnão-índios que levaram até eles doençascomo a hepatite, a gripe e a tuberculose. A construçãodas aldeias nos barrancos, proposta à época pela Funai,para facilitar a aproximação com esses povos, éresponsável também pelo aumento de casos da maláriaentre os indígenas. O protozoário causador da doença étransmitido pelo mosquito anophelino, que se reproduz nessas áreas.Hoje o Javari vive uma epidemia de malária (vivax efalciparum) com números impressionantes. “Numa determinadacomunidade onde vivem 26 pessoas os números apontam 99 casosda doença no período entre março de 2007 ejaneiro de 2008. São 3 malárias em média porpessoa, num espaço de tempo menor que um ano. Outra enormepreocupação para nós é a contaminaçãovertical que tem se dado, com bebês nascendo com o vírusda hepatite B, o que vai comprometer todo seu desenvolvimento. Jápassou da hora de resolvermos essa situação. Nósnão podíamos ter errado como erramos”, concluiu.Representantes da Funai, Funasa, do governo do estado do Amazonas, médicos, enfermeiros e técnicos queatuam na região se reuniram ontem (28) em Brasíliapara elaborar as propostas a serem levadas a representantes doMinistério da Defesa, da Casa Civil e das ForçasArmadas. O grupo definiu que será criado um comitê gestor para a coordenação da operação,cujos membros serão definidos em reunião no Ministério da Defesa.