Operação deve agilizar atendimento médico a índios no Vale do Javari

29/01/2008 - 21h37

Beth Begonha
Repórter da Rádio Nacional da Amazônia
Brasília - A CasaCivil coordena uma operação para atenderas populações indígenas do Vale do Javari (AM),atingidas por doenças como a hepatite, malária e tuberculose. Desde a semanapassada, estão sendo realizadas reuniões entre a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Fundação Nacional do Índio (Funai), Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e as Forças Armadas. Deacordo com o diretor do departamento de Saúde Indígenada Funasa, Wanderley Guenka, as parcerias são indispensáveispara viabilizar as novas estratégias, como aimplantação de um serviço aéreo deassistência à saúde. A idéia é usaras aeronaves e a experiência da Funai, com o apoio da Aeronáutica, e agilizar o atendimento. Para que isso possaacontecer será necessário reformar as duas pistasexistentes, além de construir outras, empontos estratégicos, no meio da reserva. O assunto évisto pelo governo como questão de segurança nacional.O Rio Javari, que dá nome à terra indígena, étambém o marco de fronteira do Brasil com o Peru e a Colômbia.Há a preocupação de que essas pistas possamtrazer problemas para os índios, com a aproximaçãode narcotraficantes internacionais interessados em usá-lascomo ponto de apoio e de entrada de droga no país.WanderleyGuenka reconhece que a manutenção das pistas nasaldeias trará a necessidade de maior vigilância naregião. Pela lei, a proteção das terrasindígenas compete à Funai, com o apoio da PolíciaFederal, ambas subordinadas ao Ministério da Justiça.Mas a proposta da Funasa é envolver também outrasforças de segurança. "Agrande dificuldade seria essa vigilância na área defronteira. Por isso mesmo estamos buscando a ajuda do Ministérioda Defesa, que comanda as três Forças, no sentido de agente melhorar a atenção à saúde e tambémmelhorar a vigilância nessa área de fronteira", explicou.Deacordo com o diretor, o mais importante é conseguir coordenar osatores que atuam no Vale do Javari. Os indígenas reclamam daexcessiva ingerência da prefeitura, que é responsávelpela contratação dos profissionais da áreamédica, e dizem que o que está havendo éa municipalização da saúde indígena,afirmação contestada por Guenka."Nãohá municipalização da saúde, porque éum recurso que já ia para o município. Nós nãotemos como transferir esse dinheiro, que é do Fundo Nacional daSaúde, para o Fundo Municipal da Saúde, direto para aFunasa, porque nós não temos um fundo. Essa étambém uma discussão."  Outra proposta nosentido de aumentar a participação direta da Funasa naprestação dos serviços é a realização deum concurso específico para o preenchimento de cargos na áreada saúde indígena. Aexpectativa de Wanderley Guenka é que em um ano a operaçãoconjunta possa mudar o perfil sanitário do Vale do Javari. "Oobjetivo é que ao fim desse período tenhamos todas asparcerias implementadas, que esteja estruturada uma equipe de saúdepreparada para dar proteção às populaçõesde índios isolados, com a infra-estrutura montada nas aldeiase o controle de todo o quadro epidemiológico da populaçãodo Vale do Javari."