Poluição causada por motos diminui, mas ainda é sete vezes maior que a dos carros

22/01/2008 - 22h27

Petterson Rodrigues e Paulo Montoia
Repórteres da Agência Brasil
São Paulo - Automóveis podem transportar mais pessoas que uma motocicleta e poluem muito menos. Atualmente, as emissões de gases das motocicletas novas são sete vezes maiores do que as emitidas pelos carros zero quilômetro. Este poderia ser um argumento daqueles que são contrários à criação de faixas exclusivas para motocicletas, iniciativa que está sendo tentada pela Prefeitura de São Paulo. Mas a partir de 2009 a afirmação deixará de ser verdadeira: as emissões de poluentes pelas motocicletas estão sendo reduzidas anualmente desde 2003 e serão praticamente iguais às dos veículos leves de quatro rodas. Em 2000, uma motocicleta nova emitia quantidade mais de 16 vezes maior de monóxido de carbono (CO): 12 gramas por quilômetro rodado para 0,73 grama por quilômetro de um automóvel. Em 2006, esse índice baixou para 2,3 em motos contra 0,33 dos carros. Os dados referem-se a motos com motores de 150 cilindradas ou menos e são da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb). A empresa possui o único laboratório do país para balizar as políticas federais do setor.O diretor-executivo da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), Moacir Alberto Paes, e o gerente da divisão de engenharia e fiscalização de veículos da Cetesb, Homero Carvalho, afirmam que a indústria de motocicletas conseguirá cumprir o que determina o Programa Federal de Controle das Emissões das Motocicletas e Similares (Promot). Criado em 2003, este programa estabeleceu um cronograma de redução gradativa da emissão de gases pelas motocicletas até 2009.O diretor-executivo da Abraciclo considera incorreto dizer que as motocicletas poluem mais do que os automóveis, porque o controle da poluição das duas modalidades tem históricos diferentes e o das motos é mais recente: “O controle de poluição em automotores começou em 1986. E o das motocicletas, em 2003. A poluição em 2009 praticamente estará no mesmo nível para os dois tipos de veículo. A indústria de automóveis teve 20 anos para fazer suas alterações e a de motos, quatro.”Homero Carvalho lembrou que "a moto nova ainda emite sete vezes mais monóxido de carbono do que o veículo novo, mas esse número já foi pior, 20, 30 vezes [a mais]”. E que o controle das emissões veiculares começou em 1987, com os de quatro rodas, "porque era a frota dominante, mas no início dos anos 2000 já era notável a presença das motocicletas nas nossas ruas”.Além do monóxido de carbono, as tabelas do Promot e da Cetesb registram valores para a emissão de hidrocarbonetos (HC) e óxido de nitrogênio (NOx) – em ambas, os valores emitidos pelas motocicletas novas ainda são mais elevados do que os dos automóveis. De acordo com o diretor da Abraciclo, há uma diferença na legislação de automóveis e de motocicletas: “A legislação brasileira de motocicletas é a mais rígida do mundo, comparada à européia. A de carros é comparável à americana.” Carvalho informou que neste ano a Cetesb e a Abraciclo se reunirão para definir as etapas do Promot a serem implementadas a partir de 2009.