Motoboys prometem novos atos se tráfego em avenidas marginais for proibido

22/01/2008 - 22h44

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente da Associação dos Mensageiros, Motociclistas, Mototáxis e Afins do Estado de São Paulo (Ammsp), Ernane Pastore, prometeu novas manifestações da categoria se a prefeitura da capital proibir o trânsito de motos nas marginais Pinheiros e Tietê.

“Vamos retirar as motos dos corredores nos horários de pico e colocar atrás dos carros. Não é certo, mas eu acho que o trabalhador tem de ser respeitado. Da mesma forma que os políticos podem mexer com a nossa rotina, nós podemos mexer com a deles”, afirmou Pastore, após participar hoje (22) de audiência com o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, em Brasília.

Com o argumento de proporcionar maior segurança para os motociclistas e reduzir o número de acidentes, a prefeitura pretende restringir a circulação de motos nas pistas expressas das marginais a partir do dia 11 de fevereiro.

Pastore lamentou o "abandono" dos motoboys, pela prefeitura paulistana e pelo governo estadual: "Rezo todos os dias para que o prefeito [Gilberto Kassab] seja iluminado. Porque se ele não for iluminado por bem, vai sentir a mão da categoria na porta da casa dele. Eu já estou cansado de ver motoboys em porta de cemitérios, velórios, hospitais.”

De acordo com o sindicalista, falta vontade política e administrativa para preservar vidas humanas. Ao citar o exemplo da cidade de São Paulo, ele defendeu que os municípios com mais de 150 mil habitantes sejam obrigados a construir faixas exclusivas para motos. “Só os acidentes com motos na Avenida 23 de Maio custam R$ 35 milhões ao ano em recursos públicos para suprir atendimento a acidentes. Uma faixa exclusiva para motociclistas custa R$ 3 milhões”, argumentou.

Desde ontem (21), uma faixa exclusiva está funcionando em caráter experimental na Avenida 23 de Maio, mas a previsão inicial é de que ela seja extinta na sexta-feira (25).

Pastore também defendeu mais esforços para educar os motoristas em geral: “Teríamos de fazer uma campanha nacional para educar a população – não só motoboys, mas qualquer pessoa que dirige. A má educação do condutor se reflete nos acidentes. Tanto que, ano após ano, os índices de acidentes aumentam. As campanhas para tentar reduzir os acidentes estão praticamente nulas.” Para o sindicalista, não adianta focar os esforços para apenas os motoboys mudarem seus hábitos. “Há uma cadeia em que o maior está pegando o menor. E a moto é o ponto final, o veículo mais frágil nessa história”, disse.O ministro Carlos Lupi  defendeu os motoboys: "Precisamos ter mais trabalhadores na formalidade. Quando temos o trabalhador ganhando seu pão no dia-a-dia, não podemos criminalizá-lo. Pode-se ter, em qualquer categoria, uma parcela pequena que a represente mal, mas não se pode julgar todos por causa de uma minoria."