Trânsito de São Paulo vive impasse entre carros e motocicletas

22/01/2008 - 21h45

Paulo Montoia e Bruno Bocchini
Repórteres da Agência Brasil
São Paulo - A cidade de São Paulo vive um impasse no trânsito, entre a frota de veículos e a de motocicletas. A preferência pelas motos cresceu principalmente diante da necessidade de transporte rápido em uma cidade com o trânsito a cada dia mais engarrafado.O crescimento da frota de motocicletas gerou diferentes problemas: na saúde pública, um aumento acentuado no número de acidentes com motociclistas; no meio ambiente, uma preocupação em reduzir a emissão de poluentes das motocicletas, que há apenas alguns anos era mais de 30 vezes superior à dos automóveis de passeio; e no próprio trânsito, com o aumento dos conflitos entre motoristas e motociclistas que trafegam entre as pistas.A Prefeitura, por meio da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), tentou diferentes iniciativas para equacionar o problema. E as medidas mais recentes têm gerado protestos da categoria mais conhecida de motociclistas, os motoboys. A primeira iniciativa foi a criação da Faixa Cidadã, em julho de 2006, nas avenidas que formam o corredor das avenidas Consolação-Rebouças-Eusébio Matoso. A faixa é preferencial para motociclistas, tem função educativa e carros que trafegam nela não são multados.Em setembro do ano passado, nas Avenidas Sumaré e Paulo VI, no bairro de Perdizes (zona oeste), a CET implementou uma faixa exclusiva para motos, com 2 metros de largura e 3 quilômetros de extensão em cada sentido. A iniciativa será estudada até fevereiro e poderá ser estendida para outras avenidas. Os carros que invadirem a pista são punidos com multa de R$ 127,69 e cinco pontos na Carteira Nacional de Habilitação. As motos podem transitar por todas as faixas.Em novembro, a prefeitura lançou o Selo Trânsito Seguro: os responsáveis pela empresas de transporte respondem a um formulário com 11 questões sobre determinadas normas de segurança; as respostas são avaliadas pelos técnicos da CET que, em seguida, fazem uma visita à firma para conferir na prática as informações repassadas e, dependendo do resultado da avaliação, a empresa poderá ganhar o selo. A logomarca do selo poderá ser colada nos veículos dos motoboys ou na roupa dos profissionais.Desde ontem (21) e até sexta-feira (25) a CET definiu uma faixa exclusiva para motos na Avenida 23 de Maio. E a partir de 11 de fevereiro será restrita a circulação de motociclistas nas pistas expressas das marginais Pinheiros e Tietê.O vereador Jooji Hato (PMDB) pretende colocar novamente em discussão, na Câmara Municipal de São Paulo, a proposta de proibição do tráfego de motocicletas na capital com mais de uma pessoa. A alegação principal do vereador é de que 62,5% dos assaltos conhecidos como “saída de banco” são realizados por quem vai na garupa da moto. A proibição de tráfego nas marginais e a ameaça de não poder mais levar pessoas na garupa fez com que os motoboys da cidade realizassem diversas manifestações. No último dia 18, milhares deles se concentraram em frente à Câmara e exigiram audiência para apresentar suas reivindicações. No dia 11, uma centena deles promoveu manifestação na Avenida Paulista, em protesto contra o aumento no valor do seguro obrigatório das motos.