Para professor, pacote não impedirá desaceleração da economia dos EUA

18/01/2008 - 19h38

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O pacote de alívio fiscal anunciado hoje (18) pelo presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, não será capaz de evitar a desaceleração da economia norte-americana, diz o professor da Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF) Cláudio Consídera. Segundo o especialista, a redução de impostos proposta por Bush poderá ter impacto positivo sobre a atividade econômica norte-americana. Ele, no entanto, acredita que as medidas não serão suficientes para manter o crescimento dos últimos anos. “A recessão talvez será apenas menor do que seria sem esse pacote”, afirma.Para Consídera, a economia dos Estados Unidos não deverá apresentar crescimento negativo. Ele, no entanto, acredita que a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano neste ano certamente será menor que em 2007.Apesar de considerar limitados os efeitos do pacote econômico, o professor da UFF discorda da avaliação de que as medidas sejam tímidas. Segundo ele, o volume de 1% do PIB norte-americano (cerca de US$ 140 bilhões) em cortes de impostos é significativo. “Isso não é pouco para o governo americano, até porque os programas apresentados pelos candidatos à presidência dos Estados Unidos mencionam corte de US$ 70 bilhões”, compara.Na avaliação do especialista, a decisão de conceder alívio fiscal em vez de aumentar gastos públicos mostra a diferença de mentalidade entre os economistas americanos e os brasileiros. “No Brasil, a postura é muito mais de intervenção do governo na economia, ao contrário dos Estados Unidos”, analisa.Ao propor corte de impostos para estimular a atividade econômica nos Estados Unidos, explica Consídera, o presidente Bush permite que a alocação de recursos seja feita pelo setor privado, o que confirma a diretriz do governo de manter-se fora da economia. “Alguns analistas dizem que agora os mutuários pagarão as hipotecas. Isso é bom porque o sistema financeiro não quebrará e os consumidores continuarão a financiar quem não está em dívida”, alega.Mesmo de forma mais amena, Consídera acredita que a crise na economia norte-americana continuará e terá impacto sobre o Brasil, principalmente no comércio exterior e nos investimentos estrangeiros. “Não tenho dúvida de que a desaceleração no crescimento americano nos atingirá”, diz. “Quanto menos esse pacote permitir que a recessão se aprofunde nos Estados Unidos, melhor para o Brasil.”