Brigada Militar cerca assentamento do MST no Rio Grande do Sul

16/01/2008 - 23h00

Ana Luiza Zenker*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Representante do ouvidor agrário nacional Gercino Silva, o ouvidor geral da Segurança Pública do estado do Rio Grande do Sul, Adão José Correia Paiani viaja na noite de hoje (16) para a Fazenda Anoni, no município gaúcho de Pontão, cercada por homens da Brigada Militar estadual. No local, realiza-se encontro de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). "Viajo para evitar um eventual confronto. Tentarei negociar pacificamente o cumprimento de ordem judicial com os integrantes do MST", afirmou Paiani. Ele disse ter sido informado de que os policiais estariam vistoriando todos os ônibus que levaram os sem-terra e identificando os participantes do encontro. Segundo Raquel Amaral, assessora do MST, o motivo da ação teria sido um inquérito policial aberto a partir de comunicação feita pelo proprietário da Fazenda Guerra, perto da Anoni, de furto de uma máquina fotográfica, um anel e R$ 200 em espécie. "O MST vê esta ação como uma forma de criminalização dos movimentos sociais. Todo esse aparato é um exagero. Não houve roubo por parte dos sem-terra", afirmou a assessora. A Fazenda Guerra é um local tradicional de reivindicações dosassentados pela reforma agrária, acrescentou o procurador Carlos CésarD'Elia, que disse ter sido informado da presença dos policiais pelaadvogada Cláudia Ávila, do MST. Há mais de 20 anos, integrantes do movimento ocuparam a Fazenda Anoni, que "já foi desapropriada há muito tempo e é propriedade particular", segundo o procurador. D'Elia disse também temer uma invasão da fazenda pelos homens da Brigada Militar: "Desconhecem-se as proporções disso. A invasão pode ser avassaladora."