Secretário-geral da ONU usa colar indígena ao encerrar visita ao Brasil

13/11/2007 - 22h37

Alessandra Bastos e Amanda Mota
Repórteres da Agência Brasil
Brasília e Manaus - Paraconhecer projetos brasileiros de uso sustentável da florestaamazônica, o secretário-geral da Organizaçãodas Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, que está desde ontem (12) na Amazônia, visitou hoje a Áreade Preservação Ambiental (Arpa) mantida pelo estado doPará na Ilha do Combu, a 1,5 quilômetro de Belém, onde encerrou a viagem de três dias ao Brasil. As impressões de Ban Ki-moon farão parte de relatório sobre impactos ambientais que seráapresentado na Conferência Mundial de Meio Ambiente, programadapara o início de dezembro em Bali, na Indonésia.Na Ilha do Combu moram 227 famílias que vivem do manejo e extrativismo doaçaí, fruto típico da Amazônia.Acompanhado da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e dagovernadora do Pará, Ana Julia Carepa, o secretárioconheceu parte da fauna e flora amazônicas, degustouespecialidades da região, posou para fotografias e ganhou colares do artesanato indígena.Depois,Ban Ki-moon, conversou com representantes do Conselho Nacional deSeringueiros e de lideranças comunitárias e indígenasdo Amazonas e do Pará. Marcos Apurinã, da Coordenaçãodas Organizações Indígenas da AmazôniaBrasileira (Coiab), participou do encontro em que foi pedido apoio daONU para estimular a organização dessas populações.Eminglês, o secretário elogiou o esforço dapopulação local para preservar a floresta e disse que aONU se compromete a lutar junto com as comunidades da Amazônia.No final do discursos, agradeceu em português: “Muitoobrigado pelas boas vindas e hospitalidade.”Aministra Marina Silva apresentou, na visita, três questões que, segundo ela,precisam de ajuda da ONU: apoio para conservação dadiversidade biológica, organização do acesso aosrecursos naturais e indenização aos países queprestam serviços ambientais.Em Belém, Ban Ki-moon conheceu o trabalho científicorealizado no Museu ParaenseEmílio Goeld. De acordo com a assessoria do museu, aspesquisas são referência nacional e, por isso, foramincluídas na agenda do secretário-geral, que veio ao Brasilpara conhecer o projeto do biocombustível e seuspossíveis impactos na região amazônica. A direçãodo museu apresentou a ele a Lista Vermelha dos 181animais em extinção no Pará. Algunsmovimentos sociais, no âmbito da Frente em Defesa da Amazônia,criticaram a programação oficial, depois do cancelamento da visita que Ban Ki-moon faria à cidade paraense de Santarém. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, o cancelamento foi definido pela ONU. Em carta, os movimentos sociais afirmam que “o interesse comerciallatente que os empresários locais e as esferas de governomunicipal, estadual e federal vêm demonstrando com osvisitantes escamoteia a total indiferença com que ascomunidades locais são tratadas na definição douso de seus territórios". E concluem: "Mais uma vez nossa região évista como 'terra sem povo', encarada como um espaço paraapropriação.”