Novo banco de leite humano em Manaus deve reduzir índices de mortalidade na Amazônia, diz secretário

03/11/2007 - 0h33

Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - Com instalação prevista para o primeiro trimestre do ano que vem, o novo banco de leite humano de Manaus deverá aumentar a capacidade de coleta e distribuição de leitematerno no estado do Amazonas e contribuir para a redução da mortalidade materna e neonatal na região amazônica. A avaliação é do coordenador da Rede Nacional de Bancos deLeite Humano do Ministério da Saúde, João Aprígio.De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o leite materno é um dos elementos que contribuem para a redução da mortalidade materna e neonatal. Aprígio disse que aimplantação de um novo banco de leite materno no Amazonas é estratégicapara a região, mas admitiu que o número de unidades ainda é insuficiente para atender às demandas existentes na Região Norte do país -segundo ele, a situação está "no alvo" do Ministério da Saúde para ser revertida."Temos um interesse particular por Manaus, porque a cidade é porta de entrada para a região amazônica", disse Aprígio. Ele informou que, para fortalecer esse trabalho, atuarão de forma articulada a Rede Brasileira de Banco de Leite Humano, a FundaçãoOswaldo Cruz, que tem uma unidade em Manaus, a Secretaria estadual da Saúde e o Pacto Nacional de Redução da Mortalidade Materna eNeonatal. Haverá treinamento deprofissionais de saúde em diferentes níveis, e Manaus funcionará como pólo irradiador para a região amazônica. De acordo com Aprígio, Belém já realiza trabalho de sucesso nessa área. Para ele, a nova unidade deManaus está de acordocom o planejamento do Ministério da Saúde, que, junto com as secretarias estaduais, estuda as áreas com maior incidência demortalidade neonatal, oferta de leitos de unidades de terapia intensivapara estabelecer uma projeção da necessidade de serviços de banco deleite humano frente às realidades locais."Pela primeira vez, temos chance de construir umplanejamento estratégico, de baixo para cima, de acordo com as demandas de peculiaridades geopolíticas e de necessidadeslocais", afirmou. O novo banco de leite humano contará o com apoio de mães voluntárias. O leiteali processado será distribuído para bebês internados na própriamaternidade, além de outras unidades da rede pública e privada. O outro banco de leite humano do Amazonas funcionadesde 2004 na Maternidade Ana Braga e tem capacidade para processar até180 litros por mês. Segundo a Secretaria de Saúde, a meta é chegar a 300 litros mensais e, com isso, atendertambém bebês que estão fora das unidades de terapia intensiva (UTIs). Nos últimos cinco anos, ataxa de mortalidade neonatal no estado caiu 22%, saindo de 13,7 para 10,7mortes por mil nascidos vivos.Dados do Ministério da Saúde informam que os bancos de leiteatendem fundamentalmente recém-nascidos prematuros, de baixo peso,internados em unidades neonatais, com foco em serviços de terapiaintensiva neonatal. No Brasil, as maiores taxas de mortalidade estãosituadas em Alagoas. Na Região Norte, o Acre é, proporcionalmente, oestado com maior número de nascidos vivos com baixo peso, seguido por Tocantins, Amazonas e Pará.O ministério gasta, em média, R$ 70 mil na implantação de cada banco de leite, incluindo equipamentos eassessoria técnica para deslocamento dos profissionais que realizam otreinamento nos novos postos de atendimento. Segundo o ministério,Brasil tem a maior e mais complexa rede de bancos de leite humano domundo. Até o fim deste ano, o número de bancos instalados no país deve chegar a 190 unidades. Todo o serviço é gratuito.