Proliferação de algas azuis no São Francisco começou em setembro

02/11/2007 - 17h30

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Desde o iníciode setembro parte do Rio São Francisco sofre com aproliferação de cianoalgas, ou algas azuis. Sãoespécies, que apesar de fazer parte da fauna aquática,se desenvolvem rapidamente em determinadas condições –poluição e variações climáticas,por exemplo – e podem liberar toxinas que contaminam a águae a carne dos peixes.

“A poluição éum problema recorrente da região porque o Rio das Velhas [umdos principais afluentes do São Francisco] drena a regiãometropolitana de Belo Horizonte, que é a área maisdensamente povoada da Bacia do São Francisco”, aponta oprofessor e pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais(UFMG) Alexandre Godinho. Por conta do ecesso de algas, o governo do estado proibiu a pesca em 600 quilômetros da bacia, de 16 a 31 de outubro.

Apesar de reconhecer o lançamentodireto de esgoto nos rios, o chefe do laboratório central daCompanhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), Aires Horta,atribui a proliferação das algas principalmente afatores climáticos. “O longo período de estiagem quenós tivemos esse ano, com falta de chuva, e, conseqüentemente,nível mais baixo dos rios e água muito límpidafoi o fator principal para o desenvolvimento desses organismos”,enumera.

“Se fosse só o clima, comoeles argumentam, outros rios também estariam contaminados.Isso se concentrou no [Rio das] Velhas por causa doselevadíssimos índices de poluição”,aponta o representante da Comissão Pastoral da Terra que atuaem comunidades do São Francisco, Alexandre Gonçalves.

Na avaliação deAlexandre Godinho, além dos impactos imediatos, a poluiçãona Bacia do São Francisco também acarreta prejuízosa longo prazo. De acordo com o pesquisador, a degradaçãodo hábitat dos peixesatrapalha a piracema – período de reprodução.“Não só dificulta a etapa da reprodução,como a sobrevivência dos filhotes, o que diminui a abundânciados peixes. Com a redução do pescado, há aconseqüente diminuição da renda dos pescadores eda economia local”, aponta.

Por causa do alta concentraçãode toxinas na água, o governo mineiro chegou a proibir a pescaem trechos do Rio das Velhas e do São Francisco. A expectativada autoridades é que a situação dos rios melhorecom a chegada do período chuvoso. “O início daschuvas na região metropolitana de Belo Horizonte jácomeçou a ter reflexos lá [nos rios]. Atendência é que a situação volte ao normalem menos de um mês”, avalia o representante da Copasa.

O representante do Sistema Estadualde Meio Ambiente de Minas Gerais(Sisema), Paulo Carvalho, reconheceque esperar a chuva resolver o problema é apenas uma soluçãoemergencial. “Estamos vigilantes em relação aagressões ambientais”, afirmou. Segundo Carvalho, o governomineiro está investindo em medidas “de longo prazo”, comoa construção de estações de tratamento deesgoto e de gerenciamento de resíduos sólidos.