Para pesquisador, enfrentar mudança de clima na América Latina pede modelos próprios

26/10/2007 - 0h39

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A previsão decenários específicos sobre os impactos das mudançasclimáticas na América Latina ainda depende daelaboração de modelos que levem em conta as realidadessocioeconômicas do continente. "Precisamos ser vistos",afirmou o pesquisador peruano Eduardo Calvo, um dos membros do PainelIntergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC, na sigla eminglês), durante encontro internacional de pesquisadores dopainel e ambientalistas mo Rio de Janeiro.De acordo com opesquisador, os cenários atuais de análise dos impactosdos riscos do efeito estufa – produzidos principalmente a partir daEuropa e dos Estados Unidos – não consideram diferençasinternas do continente latino-americano, como a grande desigualdadesocial e a distribuição das populações,por exemplo.Calvo aposta naparceria entre nações em desenvolvimento, os chamadosacordos Sul-Sul, como forma de viabilizar mudanças estruturaise diminuir a dependência de modelos "importados" paraestudar os impactos das variações climáticas nocontinente."A soluçãonão vai vir dos países do Norte, que sempre vãonos colocar como 'o resto do mundo'; precisamos da ajuda do Norte,mas nosso futuro deveria estar em nossas mãos", defendeu."Precisamos juntaresforços nacionais, usar novos modelos e avaliarpossibilidades conjuntas. O nível de representaçãoda América Latina deixa a desejar. É necessáriomaior esforço de pesquisa e desenvolvimento", acrescentouo também membro do IPCC Emilio La Rovere, professor daCoordenação de Pós Graduação daUniversidade do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ).Na avaliaçãode La Rovere, o Brasil tem uma posição privilegiada emrelação a outros países latino-americanos por jáexecutar, de maneira significativa, algumas ações quecontribuem para mitigação de gases do efeito estufa. Opesquisador citou os investimentos brasileiros em biocombustíveise o Prêmio Nacionalde Conservação e Uso Racional de Energia (Procel), entre outros exemplos, como iniciativas relevantes em relaçãoàs mudanças do clima. La Rovere calcula que,graças a essas medidas, o Brasil conseguirá reduzir em14% o nível de emissões até 2020. Segundo ele,esse percentual pode chegar a 29% com a consolidaçãodos programas e a adoção de soluçõescomplementares, como o incentivo à produção econsumo de carros bicombustíveis,os chamados modelos flex."Nóspodemos demonstrar que não estamos parados, temos esforçosde mitigação mesmo sem obrigações noâmbito da convenção", destacou.O evento na capitalfluminense é organizado pelo governo do Rio e pela CompanhiaVale do Rio Doce.