Pontos de cultura defendem profissionalização para ter vida longa

21/10/2007 - 19h11

Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - No início do mês, ao lançar o Programa MaisCultura, o governo assumiu o compromisso de implantar 20 milpontos de cultura até 2010, final do mandato do presidenteLula. Hoje, existem 630 unidades desenvolvendo as mais variadasatividades culturais em comunidades carentes. Paraquem trabalha nelas, a falta de gerenciamentocoloca em risco a continuidade de muitos projetos.Na opinião deAriane Porto, coordenadora de comunicação dos pontos AEra da Cultura do Tao, em Campinas (SP), e Educação dos Povos do Mar, em SãoSebastião (SP), é preciso se profissionalizar paraconseguir recursos próprios.“Aspessoas precisam saber gerenciar. A gente não pode achar que ogoverno vai querer apoiar a diversidade cultural a vida inteira. Se agente não transformar [o produto] em valor econômico, vender nossascoisas, a gente não vai ter como se sustentar”, afirma.O ponto de Campinas capacita técnicos paraartes, como maquiador, iluminador e produtor. Já o de São Sebastião promove a cultura caiçara por meio do artesanato, pescae produção audiovisual.Parao diretor do ponto Música e Artesanato Marajoara, Paulo deCarvalho, o gerenciamento é importante para os projetos teremvida longa, continuidade. O ponto promoveoficinas de cerâmica, bordado, serigrafia e resgate datradição de folias na Ilha de Marajó, no Pará.JáGavin Andrews, do Navegar Amazônia, no Amapá,acredita que o tipo de prestação de contas exigido nãocondiz com a realidade dos pontos de cultura. “A burocracia nãocontempla o dinamismo e a diversificação dos pontos”,afirma o cineasta, lembrando que muitos não têmcontador ou um conselho fiscal. Instalada em um barco, a NavegarAmazônia leva internet, informática, fotografia evídeo para comunidades ribeirinhas do Amapá, Paráe Amazonas.Oscoordenadores participaram de um debate sobre a inserçãode vídeos produzidos pelos pontos de cultura na programaçãoda nova TV pública, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC). A coordenadora Ariane Porto defende a criaçãode um formato com alto padrão de qualidade. Já os representantes do Pará e Amapáacreditam que a inclusão permitirá mostrar o cotidianodo povo da região Norte ao resto do país de maneira mais abrangente, sem estereótipos.