Goiás e Distrito Federal apresentam dados divergentes sobre homicídios no entorno

26/09/2007 - 22h37

Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As secretarias de Segurança Públicade Goiás e do Distrito Federal ainda divergem sobre os índicesde violência no entorno. O pedido do envio da ForçaNacional de Segurança Pública foi feito na sexta-feira(21) e a equipe percursora, que definirá as prioridades deatuação, já atua na região. Os conflitosde informação estão tanto no número demunicípios goianos considerados do entorno do DF – variam de14 a 20 –, quanto no balanço de homicídios nascidades distritais e goianas – variam de 337 a 402, relativos aoprimeiro semestre deste ano.As assessorias das secretariasnão divulgam os detalhamentos dos números para checarpossíveis divergências. Em documento da semana passada,a Secretaria de Segurança de Goiás informou, porexemplo, que, de acordo com a Polícia Civil, no primeirosemestre deste ano, houve 189 homicídios em 18 municípiosgoianos do entorno. Nesta semana, a mesma secretaria divulgou outratabela referente aos números da polícia. Agora, com oregistro de 254 homicídios em 20 municípios goianos nomesmo período.A assessoria da secretaria goiana nãosabe informar o porquê das diferenças nos dados eexplica que vem trabalhando com o número de 189 homicídios.A diferença também pode ser explicada pelo númeroconsiderado de municípios do entorno. Pela Lei Complementar nº94, de 1998, que criou a Rede Integrada de Desenvolvimento doDistrito Federal e Entorno (Ride/DF), o entorno é formado por31 municípios (10 distritais, 19 goianos e doismineiros).São eles: Abadiânia, Água Friade Goiás, Águas Lindas, Alexânia, Cabeceiras,Cidade Ocidental, Cocalzinho de Goiás, Corumbá deGoiás, Cristalina, Formosa, Luziânia, Mimoso de Goiás,Novo Gama, Padre Bernardo, Pirenópolis, Planaltina, SantoAntônio do Descoberto, Valparaíso e Vila Boa, no Estadode Goiás, e de Unaí e Buritis, no Estado de MinasGerais.Mas nos dados apresentados pela secretaria de Goiás,dois municípios ficaram de fora da lista oficial (Corumbée Água Fria) e outro entrou sem estar na relação(Vila Propício). A assessoria da secretaria não soubedizer o porquê desta relação. As secretaria deSegurança Distrito Federal faz uma contagem diferente. Segundoo secretário de Segurança Pública do DF, CandidoVargas, o entorno é formado por 29 municípios (10distritais, 14 goianos e cinco mineiros).Conseqüentemente,os números também diferem. De acordo com documentodivulgado pela secretaria de Segurança Pública deGoiás, no primeiro semestre de 2007, os 18 municípiosgoianos do entorno do DF somaram, no primeiro semestre deste ano, 189homicídios, 175 tentativas de homicídio, 7.324 furtos,2.780 roubos e seis latrocínios (roubo seguido de morte). Nos10 municípios do Distrito Federal, que também integramo entorno, foram 148 homicídios, 175 tentativas de homicídio,8.295 furtos, 5.264 roubos e 14 latrocínios. A soma doshomicídios dá 337.Apesar de a secretaria goiana divulgar osnúmeros dos municípios distritais do entorno, aassessoria da secretaria do Distrito Federal informa que nãopossui o número de homicídios nesses municípios,apenas a soma dos casos das 19 regiões administrativas doDistrito Federal, 284 homicídios e 435 tentativas no primeirosemestre deste ano. A secretaria explica que aguarda a atualizaçãodos dados de cada um dos municípios separadamente. Sóassim poderá isolar os 10 municípios do entornodistrital.A comparação com os municípiosbrasileiros mais violentos mostrou, em 2005, que o entorno doDistrito Federal é a nona região com maior númerode homicídios do país, 33% por 100 mil habitantes. Nomesmo período, foram registrados na cidade de São Paulo39,3 homicídios por 100 mil habitantes.Os dados sãoda Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) eelaborados a partir do número de ocorrências registradaspelas Polícias Civis de todo o Brasil. “Cabe salientar quecoube apenas à Senasp sistematizar os dados produzidos pelasPolícias Civis e organizar a sua divulgação”,ressalta o ministério no documento. Segundo o ministério,em 30 dias, deve estar pronto os dados de 2006.No documento,o ministério explica que o sistemas de coleta e registro deinformações das polícias civis diferem de umlugar para outro. E dá como exemplo, justamente o DistritoFederal, onde um evento pode levar ao registro de mais de umaocorrência. “Um mesmo evento de roubo de automóvelleva ao registro de mais de uma ocorrência dependendo do quehouver no interior do automóvel”, cita.