Especialistas divergem quanto a resultados do Protocolo de Quioto

19/09/2007 - 22h16

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A efetividade dos mecanismos do Protocolo deQuioto na redução das emissões de gases doefeito estufa não é um consenso entre autoridades deorganismos internacionais e especialistas em mudançasclimáticas, que participaram hoje (19) da ConferênciaInternacional Rio + 15, promovida por uma empresa do mercado decarbono.Na avaliação do presidente doConselho Executivo do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), HansJürgen Stehr, o balanço do desenvolvimento do mecanismodesde sua implantação é positivo, mas épreciso começar a pensar em novas possibilidades para o MDL.

“Em cinco anos já temostudo funcionando, dos projetos às RCEs [reduçõescertificadas de emissões]. Concordo que é umsucesso, mas é preciso avaliar em que medida, porque o MDLestá envolvido em uma série de medidas, não faznada sozinho”, pondera.

Apesar de afirmar que as respostassobre a efetividade do MDL em relação aodesenvolvimento sustentável cabem aos países quehospedam essas iniciativas – nações emdesenvolvimento, como Brasil e China – Stehr defendeu o mecanismo:“Ele permite a emissão de RCEs, que contribuem para aredução das emissões e portanto, para odesenvolvimento global”, enumerou.

O representante da Organizaçãopara a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico(OCDE), Brice Lalonde, também defendeu o Protocolo de Quioto.Para Lalonde, que é ex-ministro do Meio Ambiente da França,o acordo estimulou a criação de uma governançaglobal para enfrentar os problemas das mudanças climáticas.

Na avaliação dopesquisador Gylvan Meira, do Instituto de Estudos Avançados daUniversidade de São Paulo (USP) e ex-membro do ComitêExecutivo do MDL, o mecanismo ainda depende de aperfeiçoamentospara funcionar conforme as expectativas. Segundo ele, aprofundar aredução de emissões por meio do MDL é umaopção política. “É um mecanismo demercado, o governo é quem o induz através de impostosou empréstimos”, avalia.

Para o presidente da FundaçãoBrasileira de Desenvolvimento Sustentável, Israel Klabin, oprotocolo ainda não conseguiu resultados satisfatórios.“Os mecanismos estabelecidos pelo protocolo são diminutos. OMDL, por exemplo, deve responder por somente 1% da reduçãode emissões”, calcula.

Klabin prevê que oaprofundamento das questões relacionadas ao futuro dasemissões após o primeiro período do compromissode Quioto terá foco nas florestas e na revisão dasmatrizes energéticas. Em dezembro, a Organizaçãodas Nações Unidas (ONU) começará adiscutir o período pós-Quioto, em uma conferênciaem Bali (Indonésia).