Empresa deveria ter sido categórica em resolução sobre sistema do Airbus, avalia coronel

20/09/2007 - 0h43

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Com base na análise dos dados das caixas-pretas do Airbus A320 da TAM, o coronel Antonio Junqueira afirmou hoje (19), durante reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo da Câmara, que o posicionamento errado das manetes do avião pode ter sido a principal causa da tragédia.  Junqueira, no entanto, afirmou que parte da responsabilidade pelo acidente deve ser creditado à empresa Airbus, fabricante do avião.Para Junqueira, a fabricante deveria ter sido mais categórica ao divulgar às empresas aéreas que utilizam suas aeronaves que o sistema automático de potência (auto thrust) da aeronave falharia caso as manetes dos dois motores não fossem colocadas na posição de reverso após o pouso. Evitando responsabilizar os pilotos do vôo 3054 da TAM pelo acidente que vitimou 199 pessoas, Junqueira explicou que, durante o pouso, os pilotos do Airbus A320 primeiro puxaram a manete do motor esquerdo até idle (ponto morto) para, em seguida, acionar o reverso máximo. Enquanto isso, o manete direito foi mantido na posição climb (de subida).A posição errada das manetes acabou confundindo o piloto automático do avião, que não conseguia interpretar se a intenção do piloto era pousar ou decolar. Com isso, o auto thrust foi desligado automaticamente, acionando o controle manual pelas manetes e mantendo o motor direito acionado como que para subir. O especialista explicou que, além da assimetria dos motores, fator que jogou o avião para o lado esquerdo da pista, a posição incorreta do manete direito também impediu que os freios aerodinâmicos (spoilers) fossem acionados. "Isso não despertou no piloto a sensação de que algo terrível estava para acontecer". O coronel ressaltou que suas análises não são conclusivas e que só a investigação do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) vai apontar as causas reais da tragédia.