Coronel aponta três problemas que contribuíram para o acidente da TAM

19/09/2007 - 22h42

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Após analisar os dados das caixas-pretas do Airbus A320 da TAM, o coronel Antonio Junqueira deu hoje (19) sua interpretação parcial a respeito das possíveis causas da tragédia em que morreram 199 pessoas.Além de explicar que as informações preliminares indicam que os pilotos deixaram as manetes do avião na posição errada, Junqueira também apontou três outras causas que, segundo ele, podem ter contribuído para o acidente ocorrido no Aeroporto de Congonhas, na zona Sul de São Paulo, no dia 17 de julho.Contratado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo da Câmara para examinar os dados das caixas-pretas, Junqueira ressaltou que as conclusões finais sobre o acidente serão emitidas pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão da Aeronáutica responsável por investigar o ocorrido.Apesar da possível falha dos pilotos, o coronel afirmou que parte da responsabilidade pelo acidente deve ser creditada à Airbus. Para Junqueira, a fabricante do avião deveria ter sido categórica ao divulgar às empresas aéreas que utilizam suas aeronaves que o sistema automático de potência (auto thrust) da aeronave falharia caso as duas manetes não fossem colocadas na posição de reverso após o pouso.Em segundo lugar, o alerta sonoro para que o piloto abaixasse ambas as manetes até a posição de ponto morto se desligou após três avisos. Para Junqueira, o avião deveria estar equipado com um alerta sonoro repetitivo e contínuo, conforme recomendação da própria Airbus após dois acidentes anteriores causados pela mesma falha no posicionamento das manetes. O problema é que a TAM não havia adotado o equipamento porque a fabricante da aeronave classificou-o como "desejável". Deveria, na opinião dele, ser item obrigatório.Por fim, a TAM também teve parte da culpa, avalia o coronel. Para ele, a TAM também deveria ter sido mais "contundente" com seus pilotos em situações anteriores, em que estes contrariaram a recomendação da Airbus de baixar os dois manetes à posição de ponto morto.Segundo Junqueira, deixando de lado as possíveis influências climáticas e psicológicas e considerando apenas as informações relativas às condições operacionais contidas nas caixas-pretas, é possível afirmar que a pista não foi um fator decisivo para o acidente. "Eu credito à pista uma importância menor, mas que está presente".Junqueira, no entanto, acha fundamental que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) aplique ao Aeroporto de Congonhas as mesmas limitações com que já opera o Aeroporto Santos Dummont, no Rio de Janeiro, cuja pista principal tem 1.323 metros."Para efeito de prevenção de acidente, é fundamental que a Anac estabeleça em Congonhas as mesmas restrições que ela já aplica no aeroporto Santos Dummont. Fazendo isso, estou absolutamente convicto de que a margem de segurança das aeronaves vai se aumentar".