Representantes da sociedade civil criticam testes de rádio digital sem método definido

26/08/2007 - 17h43

Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A falta de uma metodologia que traga critérios e parâmetros para os testes com a nova tecnologia digital é a principal crítica dos especialistas e das entidades civis que fazem parte do conselho consultivo criado pelo Ministério das Comunicações para a digitalização do rádio no país. “Os testes foram feitos sem a existência de uma metodologia que pudesse dar unidade a eles”, diz a representante da Universidade de Brasília (UnB) no conselho, Nelia Del Bianco.O representante da Frente Nacional por um Sistema Democrático de Rádio e TV Digital no conselho, Jonas Valente, reclama: “Não há uma avaliação concreta sobre as tecnologias. Não há nenhum técnico do Estado acompanhando esses testes. Vai haver só uma coletânea dos relatórios”, reclama. A Frente representa cerca de cem entidades da sociedade civil.O ministro das Comunicações, Hélio Costa, declarou que a decisão do governo sobre a adoção de um sistema digital não será feita antes da entrega dos resultados dos testes com o padrão norte-americano e da posterior análise, mesmo que seja preciso prorrogar prazos. Mas disse também que não irá esperar a realização dos testes com o padrão europeu DRM, que estão atrasados. A idéia é que o país adote os dois sistemas. O norte-americano para as rádios AM e FM e o europeu para as rádios de ondas curtas (OC).Para a professora da UnB, mesmo os testes feitos com o o sistema de rádio digital norte-americano In Band – On Chanel (Iboc) são de pouca serventia. “Você não pode comparar o resultado dos testes, uma vez que há divergência sobre a forma de realização dos mesmos”, diz, referindo-se à falta da metodologia.A metodologia que deverá ser aplicada pelas rádios AM no testes com o padrão americano Iboc foi encomendada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) à UnB e já está pronta. A metodologia passou por um processo de consulta pública e os resultados estão sendo agora analisados pelos técnicos da Anatel. A metodologia poderá ser usada a partir do momento em que for publica no Diário Oficial, e a previsão da Anatel é que isso ocorra em um mês.Entretanto, a metodologia para testes na faixa FM com o padrão americano e na freqüência ondas curtas (OC) com o padrão europeu DRM ainda não foram concluídas. As duas, depois de prontas, também passarão pelo processo de consulta pública. A Anatel não têm previsão de quando os testes poderão ser iniciados.A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), cujas rádios membro realizam os testes com o Iboc, informou que as emissoras não terão que refazer os testes depois que a Anatel publicar a metodologia. Os relatórios dos testes com o Iboc serão apenas adaptados, diz o presidente da Abert, Daniel Pimentel Slaviero.“Não há necessidade de novos testes. Não precisam de mais testes AM e FM, porque eles já vêm ocorrendo com as 15 emissoras que já estão no ar. O que realmente precisa é de uma consolidação desses números de uma maneira uniforme, que são os critérios propostos pela Anatel”, explica Slaviero.De acordo com o ministro Hélio Costa, 21 rádios espalhadas por quase todas as capitais brasileiras já operam em testes com o Iboc. Dessas, 15 emissoras - localizadas nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre - são registradas na Abert.