Sem reconhecimento, mais de 10 mil colombianos vivem no Brasil

24/06/2007 - 19h45

Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Cerca de 450 colombianos vivem em solo brasileiro acolhidos como refugiados, mas um grupo muito maior vive na Amazônia sem ser reconhecido como tal. Os dados são do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), que  destacou a dificuldade em precisar o número de pessoas que já cruzaram a fronteira entre Brasil e Colômbia de maneira informal.Estimativas obtidas por meio de estudos em parceria com a Universidade Federal do Amazonas indicam que o contingente de refugiados está entre 10 e 15 mil colombianos. O levantamento do Acnur aponta que eles vivem ao longo dos rios, em aldeias indígenas ou em zonas urbanas como Tabatinga e Manaus, no Amazonas.O pesquisador Helion Povoa Neto, do Núcleo Interdisciplinar de Estudos Migratórios da Universidade Federal do Rio de Janeiro, destaca uma alteração no fluxo de refugiados para o país, que desde a década de 80 concentrava pessoas vindas da África, principalmente de Angola: agora a tendência é o Brasil passar a receber cada vez mais colombianos, que deixam a terra natal por causa dos conflitos que envolvem governo, guerrilheiros e narcotráfico. "O fluxo mais importante de refugiados que o Brasil teve foi o de angolanos e congoleses. Ainda hoje, mais da metade dos 3,4 mil refugiados que vivem no Brasil são angolanos, mas no caso de Angola o conflito político acabou. O conflito que está acontecendo agora, na fronteira com o Brasil, é o da Colômbia, que gera uma grande quantidade de deslocamentos internos e refugiados nos países vizinhos, como Venezuela, Peru, Equador e Brasil. Na Amazônia há muitos colombianos que atravessaram a fronteira e estão como imigrantes ilegais. Eles teriam condição de ser reconhecidos como refugiados”, disse.De acordo com o pesquisador, o quadro é causado principalmente pela falta de informação, tanto das pessoas que vêm em busca de asilo como por parte de agentes federais que tomam contato com elas na fronteira: “Às vezes eles nem sabem que têm o direito de pedir isso. Muitas vezes são tratados pela Polícia Federal como criminosos, como ilegais porque os policiais que cuidam das fronteiras não sabem que eles têm direito a pedir asilo.”Neto também lembrou que muitas vezes os refugiados são confundidos com foragidos. “A palavra refugiado tem uma conotação muito ruim. De certa forma o refugiado é um foragido, mas não porque tenha cometido algum crime”.

Para o pesquisador a tendência é que a procura de asilo pelos colombianos cresça e o Brasil precisa se preparar para isso.