Africanos e colombianos se destacam entre refugiados acolhidos no Brasil

24/06/2007 - 19h19

Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Cerca de 3,4 mil refugiadosde 69 nacionalidades vivem hoje no Brasil. Aproximadamente 78% sãoafricanos, a grande maioria vinda de Angola no final da década de 80, porcausa da guerra.Nos últimos dois anos, no entanto, o maior fluxo de pedidos derefúgio ao Brasil é de colombianos: cerca de 450 já foram recebidosformalmente em solo brasileiro, mas outros cerca de 10 mil cruzaram asfronteiras ilegalmente e hoje vivem na Amazônia, sem o reconhecimento dacondição de refugiados. De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), o Rio de Janeiro é a cidade brasileira com maiornúmero de refugiados – cerca de 1,8 mil pessoas, a maioria delas vindas deAngola.Representante do Acnur no Brasil, Luís Varese, diz que apesar de lembrar situações trágicas, o Dia Mundial do Refugiado, comemorado no dia 22, é de solidariedade.“O mais importante é lembrar que existem hoje no mundo 34 milhões de pessoas que não podem morar na sua casa, no seu bairro, na sua pátria, por causa das guerras, da discriminação, dos ódios religiosos, dos fundamentalismos, sejam econômicos ou religiosos. Mas existe a solidariedade dos povos, dos governos, organizada através da instituição do refúgio, que permite reconstruir vidas, para que essas pessoas encontrem um novo lar”, avaliou. Segundo Cândido da Ponte Neto, diretor no Rio da Cáritas, entidade da Igreja Católica que coordena uma rede de apoio para inserção social dos refugiados, cerca de 80% deles já conseguiram uma boa integração na comunidade. “A grande maioria dos refugiados já vive com seus meios próprios, conseguiu trabalho, aprimoramento profissional e do ponto de vista da cidadania, mas um percentual menor tem muita dificuldade, principalmente aqueles que em seus países de origem não tiveram uma oportunidade de qualificação profissional.”

Além da dificuldade de inserção no mercado de trabalho, ele citou os problemas emocionais e as marcas da violência enfrentadas no passado pelos refugiados como impedimento à adaptação deles no Brasil. Neto destacou a legislação brasileira que dá proteção a refugiados, considerada internacionalmente uma das mais “generosas” do mundo, e também a receptividade do povo brasileiro, como fatores que facilitam a integração das pessoas que chegam ao país. Mônica Caruso, do Comitê Nacional para os Refugiados(Conare), vinculado ao Ministério da Justiça, lembrou que o governo federalassumiu o compromisso internacional de receber refugiados, inclusiveporque também já os gerou, durante a ditadura militar.“É uma questão desolidariedade. Pessoasque eram perseguidas aqui e que foram buscar refúgio em outros países, ecriar uma lei que outorga a efetiva proteção internacional (Lei nº 9.474 de1997), nada mais é do que o fortalecimento da democracia no país, paraque em gerações futuras isso não venha a ocorrer novamente.”A lei garante ao refugiado proteção internacional, o porte de uma carteira deidentificação brasileira e trabalho legal no país, com direito a todos os serviços que são oferecidos normalmente aos cidadãosbrasileiros, como educação e saúde.