Relator da CPI vai recomendar auditoria internacional no sistema de tráfego aéreo brasileiro

12/06/2007 - 22h15

Lourenço Canuto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a crise do setor aéreo no Senado Federal apresenta no próximo dia 21 (quinta-feira) o seu segundo relatório preliminar.De acordo com o relator da CPI, Demóstenes Torres (DEM-GO), o documento recomendará uma auditoria internacional sobre a funcionabilidade do atual sistema de tráfego aéreo brasileiro. Trata-se do software X-4000, desenvolvido pela Atech Engenharia Fundação de Direito Privado, que tem cinco contratos com a Aeronáutica.A CPI também quer mais informações sobre a parceria da Força Aérea Brasileira (FAB) com a empresa, "que não tem concorrente", conforme define Demóstenes."Enquanto os controladores de vôo ouvidos na comissão disseram que o sistema atual é falho, as autoridades do governo afirmam que não. Por isso, a comissão tem que descobrir quem está mais errado".Outra recomendação do relatório é que o Brasil priorize a adesão ao sistema de controle aéreo via satélite, seguindo a determinação da aviação aérea internacional. O relator disse que, segundo os contrladores, o atual sistema é sujeito a falhas, pode mostrar pistas duplas e pistas fantasmas.À CPI, o engenheiro eletrônico Cláudio Carvas, que trabalha na Atech desde 1980, afirmou que a área onde ocorreu o acidente com o Boeing da Gol (Serra do Cachimbo, no Mato Grosso) é "plenamente coberta por radares". Ele acrescentou que o Cindacta I comporta o funcionamento de até 30 radares, embora não precise usar tudo isso. "Existem situações físicas que podem interferir no funcionamento dos radares, como problemas meteorológicos, sendo possível acontecer até o reflexo de onda sobre telhados de metal", ponderou. Fato semelhante ocorreu com um silo localizado na região sul do país, que por isso teve que ser pintado com tinta anti-refletiva, acrescentou.O engenheiro também disse que as possibilidades tecnológicas do atual sistema permitem que eventuais problemas possam ser corrigidos pelos controladores de vôo.A convocação do ministro das Comunicações, Hélio Costa, para falar sobre a participação do Brasil nos estudos em torno da adoção do controle de vôo por satélite foi aprovada pela CPI.Na última fase dos trabalhos, a comissão vai ouvir outros especialistas na área técnica, devendo ser convidado também o presidente da Embratel, Carlos Henrique Moreira.