Para líder indígena e presidente da OAB, é prematuro acusar os Cinta Larga por assassinato

03/04/2007 - 21h36

Monique Maia
da Agência Brasil
Brasília - O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Rondônia, Hélio Vieira, disse hoje (3) à Agência Brasil que ainda é cedo para falar do envolvimento de índios da etnia Cinta Larga no assassinato do advogado Valter Nunes na última sexta-feira (30), em Cacoal (RO). “Nós não temos nenhuma informação da Polícia Civil de que os índios estão envolvidos. A OAB está aguardando um pronunciamento oficial do delegado de policia e do promotor que está acompanhando o caso”, disse Vieira.O presidente da OAB-RO fez a ressalva de que a polícia não descarta essa hipótese. No dia 21 de março, outro advogado sofreu uma tentativa de homicídio. Dois pistoleiros entraram no escritório de Zílio Cézar, mas foram imobilizados e presos. Na cadeia, eles disseram ter agido a mando de um cacique cinta larga. O índio foi acusado de ter pago R$ 15 mil aos matadores e também está preso. “Realmente, os pistoleiros tentaram matá-lo, e o inquérito chegou à conclusão do envolvimento do índio. Mas a questão do Valter Nunes, a polícia ainda está investigando”, disse Vieira. Segundo ele, o advogado estava cuidando do caso de Zílio Cézar, quando foi assassinado a tiros por três homens encapuzados. De acordo com o representante indígena do Fórum das Organizações do Povo Paité-Suruí de Rondônia Henrique Suruí, o assassinato do advogado Valter Nunes está preocupando a população indígena de Cacoal. “Estamos passando um período muito difícil no município. A população está revoltada contra a comunidade indígena e isso é muito ruim pra nós", disse ele. "Estamos pedindo para a Funai mandar uma comissão de procuradores e uma de direitos humanos para investigar bem isso porque nós não queremos que seja falado o nome do povo indígena sem saber quem foi o mandante do assassinato.”Ainda de acordo com o índio suruí, a polícia precisa trabalhar nas investigações para que os verdadeiros culpados sejam responsabilizados. “Se um índio for culpado, então fale o nome dele, mas para isso nós pedimos que a Justiça investigue bem.”