Diretor do Inca aponta desafios para implantação de política de controle do câncer

13/03/2007 - 20h57

Gláucia Gomes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O maior desafio na implantação daPolítica Nacional de Controle do Câncer no Brasil é fazer com que aspessoas entendam que o câncer é um problema de saúde pública. Aafirmação foi feita hoje (13) pelo diretor-geral do Instituto Nacionaldo Câncer (Inca), Luiz Antônio Santini, ao participar de reunião daComissão de Seguridade Social e Família na Câmara dos Deputados.

Nareunião, Santini falou sobre a Política Nacional de Atenção Oncológica,lançada em dezembro de 2005, e fez um balanço do trabalho do Inca nocontrole da doença. Ele disse que o câncer deixou de ser uma doençaterminal e se tornou uma doença com várias possibilidades dediagnóstico e tratamento diferentes. "Hoje não se fala em um tipo decâncer, falamos em mais de 200 doenças com esse rótulo”.

Omédico ressaltou, entretanto, que o diagnóstico precoce ainda é umproblema no Brasil. “Muitas vezes, perde-se a oportunidade de tratar,de prolongar a vida, ou até mesmo de curar, porque o diagnóstico éfeito tardiamente”, observou. Ele chamou a atenção para outro desafio:o treinamento de pessoal, jáque não é o oncologista que faz o rastreamento, a detecção e odiagnóstico precoce do câncer, mas os médicos de família, osespecialistas em ginecologia nos postos e centros de saúde.

Segundodados do Inca, no ano passado, foram registrados no Brasil 140 milóbitos e 472 mil novos casos de câncer em homens (49,7%) e mulheres(50,3%). De 1979 a 2003, a taxa de mortalidade pela doença cresceu 30%.E os gastos do governo federal com assistência oncológica aumentaram121%, passando de R$ 570 milhões para mais de R$ 1,20 bilhão , entre2000 e 2006.

De acordo com o instituto,o número de novos casos de câncer em um ano é maior que o número decasos de aids acumulados em 24 anos, no Brasil. Os dados do Incamostram que, em mulheres, a maior incidência é de câncer de mama(48.930), seguido pelo de colo de útero (19.260) e pelo de cólon e reto(13.970). O câncer de próstata (47.280) é que mais atinge os homens,seguido pelos de traquéia, brônquios e pulmão (17.850) e pelo deestômago (14.970).

Luiz AntônioSantiniapontou como fundamentais o diagnóstico precoce e a qualidade dotratamento oferecido aos pacientes com câncer. Ele citou, entre asmetas do pacto pela vida da Política Nacional de Atenção Oncológica, acobertura de 80% para o exame preventivo do câncer do colo do útero, aampliação em 60% da cobertura da mamografia e a realização da punçãobiópsia em 100% dos casos necessários.

Santinilembrou ainda a importância do controle do tabagismo para prevenção docâncer de pulmão, bexiga e esôfago. Ele enfatizou que, para aOrganização Mundial de Saúde (OMS), o Inca é centro de referência parao controle do tabagismo, e que o Brasil foi pioneiro na elaboração doúnico tratado internacional de saúde pública, a chamadaConvenção-Quadro para Controle do Tabaco.

Odiretor do Inca destacou que, em 2006, houve 11 milhões de novos casosde câncer e 7 milhões de mortes causadas pela doença em todo o mundo. Aexpectativa para 2020 é de 16 milhões de novos casos e de 12 milhões demortes no mundo. De acordo com o instituto, 60% dos novos casos deverãoocorrer em países menos desenvolvidos.

Odeputado Chico D’Angelo (PT-RJ), que também é médico e membro daComissão de Seguridade Social e Família, que propôs a participação dodiretor do Inca na reunião, disse que a iniciativa faz parte dascomemorações dos 70 anos do instituto. Ele informou que a programaçãoprevê diversas atividades ao longo do ano, além da realização do 2ºCongresso Internacional de Controle do Câncer, em novembro, que reunirárepresentantes de diversos países da América Latina.