BNDES vai investir R$ 75 milhões em trem metropolitano de São Paulo

13/03/2007 - 20h54

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai investir R$ 75 milhões, por meio de sua subsidiária BNDESPAR, no Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios Não-Padronizados (FIDC-NP) da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). A companhia vai ser a primeira empresa no mercado brasileiro a captar recursos para projetos de infra-estrutura por meio desse fundo.“É uma novidade, uma forma nova de financiar a infra-estrutura urbana”, disse Elvio Gaspar, diretor da área de Inclusão Social do BNDES, em entrevista à Agência Brasil. "Nós estamos contribuindo para formar esse novo mercado que vai atrair mais recursos para financiar a infra-estrutura urbana brasileira", acrescenta.O FIDC-NP é um modelo de fundo que permite a securitização de fluxos de receitas, sem que haja um contrato comercial específico entre as partes, nesse caso, entre os usuários e a empresa paulista de transporte. A garantia de pagamento aos investidores do fundo é dada pela venda de bilhetes da CPTM. "A garantia é a bilheteria. Nosso risco é as pessoas deixarem de andar de trem ou o trem não funcionar. Não há o risco de pagamento”, explica Gaspar. De acordo com ele, esse tipo de fundo veio propor uma nova alternativa de financiamento para a infra-estrutura urbana (saneamento, transporte público e habitação), que antes era financiada ou com recursos do Orçamento Geral da União ou por meio do endividamento dos estados e municípios."O mérito dessa operação é que se abre uma alternativa de financiamento mesmo que para um agente público, como é o caso da CPTM, para que ele possa fazer investimentos captando recursos no mercado em operações”, afirma Gaspar. "Ou seja, abrimos a possibilidade de fazer investimentos que geram receita e rentabilidade para o estado de uma forma que não gere impacto no cálculo do superávit primário".A operação tem prazo de sete anos e seu custo final corresponde ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) adicionada de 9% ao ano. Os recursos arrecadados com o fundo serão aplicados em um programa de investimentos da CPTM. Entre os projetos que deverão ser implantados pela empresa até o próximo ano estão a recapacitação da Linha F (Brás-Calmon Viana), na zona leste, e a extensão da linha C (Osasco-Jurubatuba), até o Grajaú, na zona sul, que devem beneficiar cerca de 580 mil passageiros por dia da região metropolitana de São Paulo.A CPTM é a maior empresa de transporte ferroviário urbano de passageiros do Brasil e emprega mais de 5,5 mil pessoas. Com 88 estações, a empresa atende a 22 municípios da região metropolitana de São Paulo e transporta, em média, 1,4 milhão de passageiros por dia.