Secretário-geral da CNBB afirma que entidade não se posicionará sobre transposição do São Francisco

23/02/2007 - 19h59

Grazielle Machado
Da Agência Brasil
Brasília - O secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil(CNBB), dom Odilo Pedro Scherer, disse hoje (23) que a entidade não vai seposicionar quanto à transposição do rio São Francisco. Ele consideraque atitudes contrárias à obra refletem uma posição pessoal, e não aopinião da Igreja Católica como um todo. Ontem, dom Luiz Flávio Cappio, bispo de Barra (BA), protocolou carta no Palácio do Planalto, apresentando um plano alternativo às obras de transposição do rio, como se tornou conhecido oficialmente o projeto de integração das águas do rio às bacias do Nordeste setentrional. Em 2005, Cappio chegou a entrar em greve de fome para chamar a atenção sobre suas idéias. Ele acredita que o projeto do governo é excessivamente caro, acarreta riscos socioambientais e não vai, garantidamente, beneficiar a população pobre da região do semi-árido nordestino.Ao se referir ao bispo, dom Odilo afirmou que“quem se manifestou naturalmente está querendo continuar o dialogo”. Ele destacou que a posição de Cappio é pessoal. Alguns gruposcatólicos expressaram, ontem, o apoio ao bispo e à reivindicação de que haja mais diálogo entre o governo e asociedade antes que a as obras para a transposição sejam iniciadas. O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), aComissão Pastoral da Terra (CPT), o Conselho Pastoral dos Pescadores(CPP), e a Cáritas, entidade que reúne 162 organizações de serviçosocial da Igreja Católica, declararam apoio à luta do bispo baiano.Na carta protocolada ontem no Planalto, Cappio sugere, como alternativas à transposição, a revitalização do rio, a construção demais cisternas (para usar a água da chuva no abastecimento doméstico) e a execução de 530 projetosjá existentes da Agência Nacional de Águas (ANA) que, segundo ele, resolveriam osproblemas de abastecimento hídrico no semi-árido brasileiro até 2015.Scherer falou à imprensa sobre o tema, hoje, durante o anúncio de que a canonização do primeirosanto brasileiro será oficializada durante a visita do papa Bento 16 ao Brasil, em maio. O papa concedeu hoje o direito decanonização a Frei Galvão.