Reunião discute conflito entre Uruguai e Argentina por construção de fábricas de papel

15/12/2006 - 22h42

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O conflito entre Uruguai e Argentina devido à construçãode duas fábricas de papel na margemuruguaia do Rio Uruguai, que divide os dois países, foi levado à 31ª Reuniãodo Conselho do Mercado Comum, realizadahoje (15) em Brasília. O Uruguai pleiteou o desbloqueio, pormanifestantes argentinos, das pontes entre os dois países. “Esperamos que issoacabe, porque prejudica profundamente a economia do Uruguai”, afirmou ochanceler uruguaio, Reinaldo Gargano. “O governo argentino não temque reprimir, mas tomar decisões para evitar que isso ocorra”, acrescentou. O chanceler argentino, Jorge Taiana, garantiu que o governoestá fazendo o possível para desbloquear as pontes. “Continuamos nossa políticade buscar persuadir os manifestantes. O bloqueio não é o melhor caminho parachamar a atenção sobre a preocupação que eles têm”, disse. As disputas envolvendo as fábricas da Empresa NacionalCelulosa España (Ence) e da finlandesa Botnia já duram cerca de um ano. Ogoverno argentino afirma que o país vizinho violou acordos internacionais queregulam a exploração do rio. Também alega que as fábricas ameaçam o meioambiente. O Uruguai se defende justificando que os projetos seguem os padrõesinternacionais e vão proporcionar empregos e investimentos na região. As duasfábricas, juntas, investirão US$ 1,7 bilhão no Uruguai.Desde o começo do ano, por diversas vezes manifestantesargentinos contrários à construção das papeleiras bloquearam o trânsito entre acidade argentina de Gualeguaychú e a uruguaia de Fray Bentos, principal ligaçãoentre os dois países. O Uruguai alega que o bloqueio viola o artigo 1º doTratado de Assunção (que criou o Mercosul), que estabelece a livre circulaçãoentre os parceiros do bloco. Em junho deste ano, o país entrou com procedimentoarbitral no âmbito do Mercosul, "devido à omissão do governo argentino naadoção de medidas apropriadas com relação aos impedimentos à livre circulação,decorrentes do bloqueio, em território argentino, das vias de acesso às pontesinternacionais San Martín e Artigas". A decisãofoi favorável ao Uruguai. A Argentina, por sua vez, denunciou o Uruguai na CorteInternacional de Haia, órgão judiciário da Organização das Nações Unidas, por entender que seuvizinho violou um tratado bilateral que regulamenta a administraçãocompartilhada do Rio Uruguai, mas o tribunal ainda não se manifestou sobre aconstrução das fábricas.