Jovens de baixa renda têm mais dificuldade em conciliar estudo e trabalho, aponta Dieese

08/10/2006 - 18h11

Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os jovens de famílias de baixa renda encontram mais dificuldades para conciliar o estudo e o trabalho, aponta a pesquisa A Ocupação dos Jovens nos Mercados de Trabalho Metropolitanos, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).O levantamento, divulgado em setembro, analisa a inserção da população jovem no mercado de trabalhado nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Salvador (BA) e São Paulo e no Distrito Federal.Segundo a economista do Dieese Patrícia Lino Costa, o estudo dividiu os jovens em quatro grupos, de acordo com a renda familiar. Na região metropolitana de São Paulo, por exemplo, o primeiro grupo compreende aqueles cujas famílias têm renda mensal de até R$ 500. O segundo é formado por jovens de renda familiar entre R$ 500 e R$ 1 mil; o terceiro, entre R$ 1 mil e R$ 2 mil; e o quarto, maior que R$ 2 mil.Integrante da equipe técnica responsável pelo levantamento, a economista explicou que esses valores variam de acordo com a renda média da região metropolitana. No caso de São Paulo, uma das conclusões é que, entre os jovens de famílias de menor renda, 76,5% apenas trabalham, enquanto 23,5% conseguem conciliar estudo e trabalho.Na outra ponta, entre os jovens de famílias com renda mais alta, o percentual dos que somente trabalham cai para 59,2%, contra 40,8% que dividem o tempo entre os livros e o emprego.“Quando o corte é por renda familiar, percebe-se que a questão do desemprego na juventude é intimamente ligada à da distribuição de renda e da pobreza. Tanto que os jovens de família de baixa renda têm muito mais dificuldade para continuar estudando", observou. "A escolaridade mais freqüente é o ensino fundamental incompleto”.Segundo ela, as diferenças se traduzem na renda média dos jovens, que é de R$ 240 para os das famílias de baixa renda e de R$ 700, no caso da família com maior renda. Neste caso, acrescentou a economista, o diferencial está na própria formação desse jovem: “no preparo que ele teve, como o conhecimento de outras línguas" e no fato de conseguir fazer uma faculdade. "Então, ele tem possibilidade de escolher a carreira que quer”.Na avaliação de Costa, para diminuir essas diferenças é preciso focar em políticas públicas para o segmento dos jovens de família de baixa renda, principalmente para que eles possam permanecer na escola."É importante que ele saia dessa escolaridade média do ensino fundamental incompleto e se mantenha na escola para que possa fazer o ensino médio e, até mesmo, uma faculdade. Porque isso muda a inserção dele no mercado de trabalho e também ajuda a formar um cidadão melhor”.Ela destacou, ainda, a importância do ensino técnico, em que o jovem tenha a oportunidade de aprender uma profissão antes de terminar os estudos.