Atlas vai levar à população panorama sobre a saúde no Brasil, anuncia secretário

24/08/2006 - 0h31

Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Gestores públicos, profissionais e estudantes da área de saúde, além da população em geral, terão acesso a informações sobre o nível de saúde dos brasileiros: a partir da próxima semana, o Ministério da Saúde colocará em sua página na internet o Atlas de Saúde do Brasil. A publicação eletrônica reúne dados sobre incidência de doenças, mortalidade e vacinação em estados e municípios. A apresentação, por meio de mapas, permitirá visualizar as diferentes situações dos problemas de saúde no território brasileiro e como estão concentradas e distribuídas as doenças entre a população.

De acordo com o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, o Atlas vai dar transparência aos dados do ministério, simplificar o acesso às informações e, por isso, servir como ferramenta para a atuação de pesquisadores, gestores públicos e fóruns de representação da comunidade – como, por exemplo, os conselhos municipais e estaduais de saúde.

Barbosa explicou que já era possível acessar os dados do ministério, elaborados a partir dos registros enviados por prefeituras e governos dos estados. Mas o Atlas, ao “espacializar as informações”, permitirá um processo mais rápido de apreensão do significado dos dados. “Uma coisa é você olhar uma tabela com 30, 40 números. E outra é olhar o mapa e rapidamente visualizar a situação geral. Isso melhora o uso das informações em saúde, de modo que os profissionais tenham um painel mais completo do que é a saúde no Brasil”, ressaltou.

Para o secretário, o conjunto dos dados traz à tona a complexidade e a diversidade do perfil epidemiológico no Brasil. “Na verdade a gente tem mais de um Brasil acontecendo”, afirmou.

O Atlas mostra, por exemplo, que a questão da Aids tem aspectos muito diferentes em vários pontos do país. Enquanto na avaliação das médias nacionais se considera que a doença esteja estabilizada, os dados estaduais mostram que Rio Grande do Sul e Santa Catarina têm mais que o dobro da taxa média nacional, que gira em torno de cinco casos de Aids em cada cem mil habitantes. Para Mato Grosso do Sul, Bahia, Sergipe, Paraíba, Ceará, Piauí, Maranhão e Amapá, a taxa é inferior à metade da média do país.

Segundo Jarbas Barbosa, o uso crescente dos dados poderá contribuir para que a formulação de políticas públicas atenda melhor às necessidades de saúde do país. “O Atlas permitirá comparações como, por exemplo, entre os estados onde é maior o risco de morrer por agressão ou por acidente de transporte; ou em quais municípios há um risco maior de morte por doença cardiovascular. Provavelmente, porque algumas ações ali não estão sendo bem desenvolvidas”.  O Atlas da Saúde no Brasil foi apresentado hoje (23) durante o 11º Congresso Mundial de Saúde Pública, que se realiza segunda-feira (21) no Rio de Janeiro.