Congresso recebe manifesto a favor das cotas

05/07/2006 - 23h55

Raquel Mariano
Da Agência Brasil

Brasília – Artistas, acadêmicos e movimentos sociais estão divididos sobre a questão da reserva de vagas em universidades. O Congresso Nacional recebeu nos últimos dias dois manifestos referentes às cotas, um contra e outro a favor. Este último foi entregue ontem (4) aos presidentes da Câmara, Aldo Rebelo, e do Senado, Renan Calheiros, e defende a aprovação da proposta, que tramita na Câmara.

O estatuto, de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), estabelece formas de inclusão social de negros, pardos e indígenas – abrangendo as áreas de saúde, educação, trabalho, direitos humanos –, além da regularização de terras para os quilombolas. Também prevê a criação de ouvidorias para denúncias de crimes de racismo nas assembléias legislativas, câmaras de vereadores e no Congresso Nacional.

Na opinião de Frei David, diretor-executivo da organização Educafro (que assina o manifesto), a cota racial é uma forma de reparar os séculos de escravidão que a comunidade negra sofreu no Brasil. Segundo ele, o estatuto criaria meios de inclusão, como a reserva de 20% das vagas nas universidades para estudantes negros e pardos.

Frei David critica as pessoas que são contra as cotas e afirma que o debate, no Brasil, está associado às classes sociais. "A classe média sabe que com uma vaga de medicina, o estado gasta por aluno em média R$ 3.800 por mês. Quando eles brigam contra as cotas para negro, eles brigam para não dividir esta vaga cara, que o governo paga para alguns".