ELEIÇÕES 2006 - Bons resultados até agora justificam candidatura à reeleição, diz Lula

24/06/2006 - 19h04

Spensy Pimentel
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Luiz Inácio Lula da Silva, oficializado hoje como candidato do PT à reeleição ao cargo de presidente da República, usou seu discurso na convenção nacional do partido para fazer um balanço dos resultados alcançados em seus três anos e meio de governo. As realizações de sua administração nesse período, segundo ele, justificam a candidatura à reeleição.

"Volto a ser candidato porque o Brasil, hoje, está melhor do que o Brasil que encontrei três anos e meio atrás, mas pode - e precisa - melhorar muito mais", disse, em discurso lido num teleprompter transparente, invisível para o público. Os pobres, após esse período de governo, segundo Lula, estão menos pobres: "E poderão continuar melhorando de vida, caso sejam mantidos - e aprofundados - os programas sociais que implantamos". "Volto a ser candidato para ampliar o que está dando certo, corrigir o que houve de errado e fazer muita coisa que ainda não pôde ser feita."

O candidato também criticou os opositores, chamou-os de "vozes do atraso". "Todos se lembram do final do governo deles, quando a economia encolha, o emprego diminuía e a pobreza aumentava", disse, em referência ao governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), mas sem citar o nome do tucano. "Quando assumimos o governo, o país estava à beira da falência."

No palco, Lula recebeu sete usuários de programas sociais do governo, vindos de diferentes partes do país. Eram pessoas atendidas pelos programas Luz para Todos, Bolsa Família, ProUni e Samu, além de três beneficiados por empréstimos: um para a compra da casa própria, outro para investimento em um pequeno negócio e um terceiro, agricultor familiar, pelo Pronaf.

O candidato também mencionou a crise política resultante de denúncias de corrupção, no ano passado. Reconheceu a gravidade dos problemas: "Sem dúvida, nunca enfrentamos uma crise como a que se abateu sobre nós no ano passado". Mas afirmou que a oposição tentou se aproveitar politicamente do episódio, porque houve ampla investigação por parte das instituições competentes, como a Polícia Federal. "A sociedade entendeu o que se passou e sabe que se determinados fatos afloraram é porque este foi o governo que mais apurou – e puniu – a corrupção em toda a história."

Em relação à economia, Lula fez diversas comparações entre os números de seu governo e os do governo anterior (como crescimento, renda, dívida e reservas internacionais, entre outros), com o objetivo de mostrar que, em qualquer caso analisado, foi capaz de obter resultados melhores em sua administração. A referência foi a idéia de "superávit social": "Superávit social, para mim, é a oferta justa, de bens e serviços de qualidade e de meios para que todos possam crescer e progredir".

"Não fizemos tudo o que queríamos, porém fizemos muito mais do que certa gente imaginava", disse. "Tenho certeza de que só frustrei profundamente dois tipos de pessoas: aquelas que pensavam que meu governo seria um caos – e torciam para isso – e aquelas que, com paixão e ingenuidade, imaginavam que eu poderia resolver todos os problemas do Brasil em apenas quatro anos."

Como perspectiva para o segundo mandato, Lula mencionou desafios como as reformas política, previdenciária, agrária e urbana, a redução da carga tributária – por meio da melhoria da qualidade do gasto público – e a segurança pública. "Se reeleitos, continuaremos fazendo um governo de seriedade, responsabilidade e equilíbrio", disse.

Falando diretamente aos petistas, Lula lembrou que, se ele for eleito, o partido não governará sozinho. "Precisamos fazer um segundo governo melhor do que o primeiro e buscar coalizões sólidas para dar sustentação, sem indecisões, ao programa de governo."

Após o discurso de Lula, a convenção do PT se encerrou com uma votação simbólica, ao som do batuque do grupo Ilê Ayê e de uma chuva de papel picado. A maioria dos mais de quatro mil presentes levantou os crachás para aclamar a chapa Lula-José Alencar. Na votação oficial, segundo a assessoria do PT, os 21 integrantes da Executiva Nacional do partido foram favoráveis à indicação da dupla.