Ativista quer ampliar debate pela criação dos ''impostos internacionais'' contra a pobreza

22/04/2006 - 15h14

Spensy Pimentel
Enviado especial

Recife - A discussão sobre os "mecanismos inovadores de financiamento para o desenvolvimento" pode levar a sociedade civil internacional a se mobilizar para um tema ainda maior: a criação de um sistema de impostos internacionais e outras formas de governo na globalização. A avaliação é do ativista Antônio Martins, da Ação pela Tributação das Transações Financeiras e Apoio aos Cidadãos (Attac).

"Hoje, há uma esfera internacional inteiramente colonizada pelo capital. É uma esfera de poder que não contempla valores como democracia, nem cidadania ou distribuição de riquezas", diz ele, que foi um dos organizadores do seminário internacional Financiamento para o Desenvolvimento, evento integrante do 2º Fórum Social Brasileiro.

Martins lembra que o debate sobre novas formas de financiamento para o desenvolvimento precisa envolver, por exemplo, a conscientização política sobre os paraísos fiscais (países onde o capital estrangeiro é aceito sem registro ou pagamento de impostos, o que favorece a sonegação e a lavagem de dinheiro, por exemplo). "É preciso um trabalho cultural. As empresas que mandam dinheiro para os paraísos têm de ser progressivamente estigmatizadas."

O ativista também destacou a importância de trazer para a sociedade civil esse tema. "Aqui, trouxemos para o debate com a sociedade o que antes estava apresentado apenas como uma iniciativa do governo. Quanto mais a proposta for apropriada pela sociedade civil, melhor, porque ela será aperfeiçoada e haverá mais pressão sobre os governos para que seja implementada", diz.

O espaço para que esse tipo de discussão aconteça em nível internacional também é uma novidade, lembra Martins. "Isso reflete uma mdança no clima ideológico do mundo. As políticas neoliberais continuam hegemônicas, mas a facilidade com que essas políticas eram vendidas para o grande público diminuiu muito."

A Attac surgiu nos anos 90, na França, logo após as crises financeiras na Ásia, recuperando idéia do economista norte-americano James Tobin (prêmio Nobel de economia em 1981) de criar uma taxa sobre transações financeiras internacionais como forma de combater o movimento especulativo de capitais e garantir fundos para os países mais pobres poderiam ter fundos para desenvolver-se.

O seminário internacional Financiamento para o Desenvolvimento foi organizado pela Ação pela Tributação das Transações Financeiras e Apoio aos Cidadãos (Attac), a Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong) e a fundação alemã Friedrich Ebert, com apoio da sociedade civil e do governo federal.