A universidade foi importante para a Brasil ganhar autonomia em petróleo, diz pesquisadora

20/04/2006 - 22h16

Rio, 19/4/2006 (Agência Brasil - ABr) - Para conseguir a auto-suficiência em petróleo, a Petrobras contou com grande apoio das universidades brasileiras -- em particular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

A afirmação é da diretora Ângela Uller, da Coppe (Coordenação dos Projetos de Pós Graduação de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro .

A parceria da Petrobras com a Coppe já levou, desde 1975, ao desenvolvimento de 2 mil projetos, que poderão, de acordo com Ângela, dar à estatal a líderança mundial na exploração e produção de petróleo em grande profundidade, no leito mar (ou offshore, no jargão da indústria do petróleo).

Ângela destaca um projeto que, para ela, foi decisivo para a auto-suficiência -- o das "estacas cônicas" -- com a quais foi possível ancorar plataformas de petróleo no fundo do mar. Elas foram desenvolvidas para a Bacia de Campos, no norte fluminense, que é a maior do país e responde por 80% de todo o petróleo produzido no país, atualmente.

"Campos é a grande responsável pela auto-suficiência", diz Ângela. Segundo ela, quando a Petrobras começou a explorar petróleo offshore sabia-se pouco sobre essa técnica, e em Campos foi preciso começar do zero por causa do solo, diferente de áreas já exploradas à época.

A engenharia civil da UFRJ teve que trabalhar com técnicos da Petrobras para desenvolver as estacas cônicas. "Esta foi, sem dúvida, uma contribuição importante", embora a Coppe já tenha desenvolvido projetos para praticamente todas as áreas da Petrobras.

A parceria da empresa com a universidade, estabelecida em 1975, reúne o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello, que é o braço tecnológico da Petrobras, e a Coppe, ligada à UFRJ.

Ângela conta que a Coppe teve no ano passado uma receita de R$ 120 milhões com o desenvolvimento de projetos de engenharia. Desse total, 38% vieram de projetos para o setor de energia, e um terço desses 38% (R$ 36 milhões) vieram de projetos para o setor do petróleo.

Ela diz que as pesquisas são um processo que se retroalimenta: "a gente resolve problemas, aprende com eles, e consegue um retorno financeiro para a universidade. É uma parceria altamente produtiva".