Manifestações partidárias marcam abertura do 2º Fórum Social Brasileiro

20/04/2006 - 22h34

Spensy Pimentel
Enviado especial

Recife - Entre faixas e camisetas de movimentos por direitos sociais como a saúde, a educação, ou mesmo a reforma agrária e o passe livre em ônibus para estudantes, a marcha de abertura do 2º Fórum Social Brasileiro foi marcada hoje (20) pelas manifestações partidárias.

Bandeiras de partidos de esquerda dividiram espaço com as manifestações da cultura popular pernambucana durante a marcha, que reuniu cerca de 6 mil pessoas, segundo os organizadores do evento, no fim da tarde de hoje nas ruas do centro de Recife.

A carta de princípios dos fóruns sociais, divulgada já na primeira versão do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, em 2001, estabelece a não partidarização do espaço do fórum, embora reconheça o direito de manifestação da preferência partidária dos participantes.

A professora Salete Valesan Camba, do Instituto Paulo Freire, uma das integrantes do comitê de organização do evento, diz que os princípios do movimento altermundista (assim chamado por causa do lema do fórum, "um outro mundo é possível") não foram feridos e que é natural que, em ano de eleição, as lideranças sociais participantes do evento se manifestem. "Não prejudica o evento. A representação dos partidos está presente, mas é controlada", afirma.

O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), João Felício, diz que as características do fórum não são afetadas pelas manifestações partidárias. "Não tem tentativa de enquadrar ninguém aqui. É um espaço aberto de debate e discussão", afirma. A CUT foi uma das primeiras entidades a apoiar o movimento dos fóruns sociais, já em 2000.

O ativista brasileiro José Luís Del Roio, agora senador italiano, também nega que haja contradição. "Os fóruns sociais são um espaço profundamente político. Eles não teriam sobrevivido se não o fossem", diz ele, que, até recentemente integrava o Conselho Internacional do Fórum Social Mundial.