<i>Royalties</i> da Petrobras garantem obras na baiana Pojuca

21/04/2006 - 16h27

Rio, 21/4/2006 (Agência Brasil - ABr) - Em Pojuca, a 70 quilômetros de Salvador, na Bahia, são produzidos 4 mil barris de petróleo por mês, quase 10% da produção total do estado. Segundo o prefeito, Jorge Antônio Nunes, os recursos são utilizados na pavimentação de ruas e em obras de saneamento básico. "Nós temos a tranqüilidade de dizer que muito do que foi feito aqui foi graças aos recursos dos royalties da Petrobras", afirmou.

Em Pojuca vivem 30 mil habitantes. A receita total do município gira em torno de R$ 5 milhões por mês. De cada R$ 4 arrecadados pelo município, um é pago pela Petrobras por meio dos royalties do petróleo.

Nos bairros centrais de Pojuca, é possível identificar onde foi parar parte do dinheiro que o município recebeu pela exploração do petróleo em seu território. Os recursos foram empregados na reforma de praças, que ganharam quadras poliesportivas, pistas de skate e até paredes para
escalada. Em áreas mais periféricas da cidade, no entanto, a realidade é bem diferente.

De acordo com Joelton Lima, presidente da associação dos moradores do bairro do Retiro, as melhorias não chegaram ali. "Pojuca ainda tem muitas áreas miseráveis. Aqui no Retiro, por exemplo, temos um levantamento que mostrou que em 2002 ainda não havia banheiro em 80 casas. É uma realidade muito triste", disse.

Neste bairro, famílias como a de Maria de Jesus convivem com os poços de petróleo. Ela divide a casa de seis metros quadrados com o pai, vítima de um derrame, o marido, a filha e o irmão. Sem emprego, eles contam apenas com o dinheiro que recebem da aposentadoria do pai doente.
"A vida da gente é assim. A minha casa não tem nem reboco. No dia que meu pai morrer, a situação vai ficar ainda mais precária", lamenta.

Outro problema que a população enfrenta é a carência de hospitais. Pojuca tem um posto de saúde central e um hospital maternidade. As duas unidades só atendem casos simples. Em situações de emergência ou mais complexas, os moradores têm que buscar socorro em cidades vizinhas ou percorrer os 70 quilômetros que separam o município da capital Salvador. "Eu levei a minha filha para dar à luz na maternidade, mas não tinha médico. A gente teve que correr para Camaçari se não o bebê ia nascer no meio da rua. Ele teve parto normal, foi um sufoco", contou o aposentado Albino Lero.

O vereador Jutair da Conceição, do PP, acredita que com os recursos provenientes dos royalties do petróleo, Pojuca deveria viver uma situação bem diferente. "Com a população que o município tem e o dinheiro que recebe em royalties, era para não ter ninguém desempregado. Mas a realidade da cidade é outra. Falta saúde, falta educação, falta emprego. Se houvesse investimento em cursos técnicos, por exemplo, os jovens pojucanos poderiam esperar outro futuro", criticou.