Importação de óleo levou a déficit na balança comercial e à criação do Proálcool

21/04/2006 - 10h12

Rio, 21/4/2006 (Agência Brasil - ABr) - A primeira crise do petróleo, em 1973, despertou o Brasil para a necessidade de investir na exploração e produção de petróleo. Um dos primeiros programas de energia renovável do país, o Proálcool (Programa Nacional do Álcool), é resultado direto desta crise internacional que atingiu em cheio o Brasil.

Em 1974, o governo federal viu-se diante de um enorme déficit na balança comercial brasileira, provocado pela importação de óleo a preços altos. A solução encontrada na época foi investir em um combustível alternativo e renovável, que pudesse reduzir, pelo menos parcialmente, a necessidade do país em gasolina. Nasceu aí o Proálcool, que investiu no potencial energético da cana-de-açúcar, vegetal abundante em território nacional.

"Houve investimento em pesquisas, adaptamos motores para o uso do álcool e foi produzida uma grande quantidade de combustível", conta o físico José Bautista Vidal, secretário de Tecnologia Industrial do Ministério da Indústria e do Comércio na época da criação do programa.

Segundo o cientista, além de ter sido uma excelente opção energética para o país na época em que os barris de óleo chegavam a preços estratosféricos, o Proálcool colocou o Brasil na vanguarda tecnológica de combustíveis renováveis. "Não houve nenhum país que conseguisse um programa de energia alternativa como esse. Trinta anos depois, esse programa apresenta a melhor, se não única, opção do mundo para o fim da era do petróleo", afirma Vidal.

O ex-secretário acrescenta que até hoje nenhum país do mundo conseguiu implantar um programa de incentivo ao uso de álcool tão bem sucedido quanto o brasileiro. "Os Estados Unidos têm o segundo maior programa de álcool como combustível, mas o preço deles é o dobro do nosso. Eles não conseguem fazer um programa com tantas vantagens quanto o nosso. São muitas as empresas estrangeiras querendo comprar as usinas brasileiras", disse Vidal.

Vidal disse ainda acreditar que o Brasil pode ser auto-suficiente em biocombustíveis (o álcool e os óleos vegetais, como a mamona) e substituir completamente o petróleo, nos carros e na indústria, num prazo de até dez anos. "O Brasil tem competência e demonstrou isso 30 anos atrás. Só falta vontade política para que isso aconteça. Esse programa permitiu que o Brasil já economizasse cerca de US$ 87 bilhões, nos últimos 30 anos, ao evitar a importação de derivados de petróleo", lembrou.