Chamada Global para a Ação contra a Pobreza quer ampliar mobilização

21/04/2006 - 13h29

Spensy Pimentel
Enviado especial

Recife - Organizações da sociedade civil envolvidas na campanha da Chamada Global para a Ação contra a Pobreza anunciaram hoje, durante o 2º Fórum Social Brasileiro, a proposta de uma reformulação da campanha, com o objetivo de ampliar a mobilização social em torno dela.

O fato de a campanha ser percebida publicamente como uma ação do governo federal, as orientações centralizadas de entidades internacionais como o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e o caráter inovador da Chamada têm dificultado a mobilização para a campanha, avaliam representantes das entidades envolvidas.

A Chamada Global é uma mobilização internacional para conseguir que o poder público em todo o mundo se mobilize em ações de combate à pobreza e reúne cerca de 200 organizações em 70 países, segundo a página da organização na internet (www.chamadacontrapobreza.org.br).

No Brasil, integram a Chamada entidades como o Instituto de Estudos Sócio-Econômicos (Inesc), o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

A campanha foi lançada no ano passado, em eventos como o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, e o Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça). Na capital gaúcha, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi convidado de honra, por sua atuação internacional em defesa do tema. O problema, diz Luciano Cerqueira, do Ibase, é que a chamada foi percebida como uma ação de governo, o que dificultou a mobilização social. "Isso foi desastroso", disse ele hoje.

Outro problema, contou Cerqueira, é que as datas das mobilizações da campanha, por exemplo, foram marcadas sem consulta às entidades de base que deveriam promover os eventos. Isso fez com que, por exemplo, fosse marcada uma mobilização para um sábado, em Brasília, quando a cidade fica esvaziada.

A chamada, segundo Cerqueira, é considerada um modelo inovador de campanha no Brasil, porque não pede doações de dinheiro ou alimento: pede que as pessoas se mobilizem junto aos governos, para conseguir que sejam ampliadas as poĺíticas públicas contra a pobreza. "Não apostamos em ações pontuais, em que a pessoa sai dali e pensa que cumpriu a parte dela. Pedimos uma ação continuada, a participação em conselhos, o envolvimento na vida da comunidade. É difícil porque, até hoje, as pessoas ligam perguntando o que podem doar para a campanha."

Na página da internet, a chamada estampa seu lema: "Nâo queremos seu dinheiro, queremos a sua voz. Não fique indiferente diante da pobreza, a sua erradicação depende da participação de todos nós".

Além das políticas públicas de combate a pobreza, a campanha também pede novas regras comerciais internacionais e o aumento do volume da ajuda dos países ricos aos pobres, além do cancelamento das dívidas destes.