Auto-suficiência na produção de petróleo é vitória de estratégia política, diz Tolmasquim

21/04/2006 - 10h22

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil

Rio - O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, considera a auto-suficiência na produção de petróleo, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anuncia neste momento, na plataforma P-50, na Bacia de Campos, a vitória de uma estratégia de política nacional bem sucedida. É também, um feito da Petrobras obtido, sobretudo, a partir da utilização de uma tecnologia de ponta que a levou a liderança mundial na exploração de petróleo offshore (no mar) e que já lhe rendeu inúmeros prêmios e recordes.

"Apenas pela força do mercado não chegaríamos aonde estamos hoje. Nesse sentido, eu acho que o petróleo é o símbolo da vitória daqueles que tinham uma visão de país e que agora está sendo concretizada. Ela é a combinação bem sucedida de três fatores: a existência dos recursos naturais, no caso o petróleo; a competência tecnológica demonstrada pelo país; e a existência de uma empresa nacional capaz de desenvolvê-la", defendeu.

Na opinião de Tolmasquim, que dirige a empresa responsável pela pesquisa e pelo planejamento energético do país, mais do que a auto-suficiência na produção de um bem escasso, ao superar em volume extraído o volume de óleo consumido nacionalmente, a Petrobras, diferentemente de países como, por exemplo, os do Oriente Médio, demonstra como se obter matéria-prima utilizando tecnologia de ponta.

"Em 1973, por ocasião do primeiro choque do petróleo, o Brasil era altamente dependente do petróleo externo, que impactava enormemente a sua balança comercial - na medida em que o país importava grande parte do petróleo que consumia – criando, até mesmo, uma vulnerabilidade grande para a sua nacional. Foi esta constatação que levou a Petrobras a desenvolver um programa de exploração em águas profundas e que hoje está levando o país à auto-suficiência", disse.

Maurício Tolmasquim diz que não teme a flexibilização do monopólio do petróleo. Para ele, a Petrobras deu uma lição em todos os que temiam a abertura, ao manter o seu papel de liderança na atividade no país e capitalizar parcerias com multinacionais que acabaram por trazer mais investimento para a exploração e produção de petróleo nas bacias sedimentares do Brasil.

"Com a flexibilização a Petrobras quebrou o mito de que o país, e a própria empresa, viriam a perder terreno com a quebra do monopólio. Ela acabou dando uma lição para todos os que temiam a abertura ao expandir e criar parcerias – isto está trazendo não só capital externo como também novos conhecimentos adquiridos juntos as empresas a ela associadas. É claro que hoje as empresas estão vindo para o país, mas estão porque o caminho foi mostrado pela Petrobras - ele já estava desbravado em conseqüência do interesse maior decorrente da estratégia nacional ditada por necessidades econômicas de buscar um produto cada vez mais caro e, no nosso caso, de difícil acessibilidade", enfatizou.