Thomaz Bastos agiu para preservar e defender Palocci, diz líder do PSDB

20/04/2006 - 15h52

Luciana Vasconcelos e Marcela Rebelo
Repórteres da Agência Brasil

Brasília – O líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Jutahy Junior (BA), afirmou que as ações do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, voltaram-se para proteger o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci quando ele ainda estava na pasta. "Está comprovada a presença do ministro da Justiça não como representante do Estado brasileiro, mas como alguém que estava em defesa e dentro de uma estratégia de preservar o ministro".

Na avaliação dele, Thomaz Bastos está "sob suspeita" e não tem mais como continuar no cargo. "Está claro que o ministro da Justiça perdeu a confiança e cria constrangimento ao país de ficar no cargo", afirmou.

Desde a manhã de hoje (20), o ministro presta depoimento à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara sobre a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa.

Jutahy disse ainda que Thomaz Bastos caiu em contradições e omitiu fatos. "O ministro não teve condições de responder quem pediu e como saiu esse cartão magnético para quebrar o sigilo", disse. "Ele falou apenas que era um direito da Polícia Federal pedir o cartão. Mas não era isso que queríamos saber. Era como pediram o cartão e como utilizaram esse cartão posteriormente", acrescentou.

O líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), informou que pretende entrar com representação na Comissão de Ética da Administração Pública contra Thomaz Bastos, por ele ter indicado o advogado Arnaldo Malheiros para prestar consulta a Palocci no caso da quebra do sigilo.

Segundo Maia, o ministro mentiu quando disse que "queimou pontes" com a iniciativa privada ao indicar o advogado. No depoimento, Thomaz Bastos contou aos deputados que, quando assumiu o ministério, vendeu seu escritório de advocacia e entregou seus bens para serem administrados por uma instituição bancária para evitar conflito de interesses. "Queimei as pontes que me ligavam à iniciativa privada", declarou o ministro.