Rio, 19/4/2006 (Agência Brasil - ABr) - O Brasil passa a partir de amanhã a produzir todo o petróleo de que precisa, mas precisa tomar providências para garantir que esse ritmo vai continuar. Essa é a avaliação do diretor do Centro de Estudos de Petróleo (Cepetro) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Saul Suslick.
"O primeiro desafio é que essa auto-suficiência não seja efêmera. E vale destacar que estamos trabalhando em um momento de consumo de energia bastante baixo: a economia está crescendo pouco. Mas amanhã, quando tivermos efetivamente um crescimento sustentado, com uma demanda maior de energia, o desafio de manter a auto-suficiência será grande".
Suslick considera que, para garantir auto-suficiência de petróleo de maneira sustentada, a Petrobras terá que armazenar cerca de um bilhão de barris de óleo por dia para aumentar as suas reservas, que são de 13 bilhões de barris, atualmente.
Para isso, ele considera que será necessário investir na prospecção de novos campos petrolíferos. Ou seja, fazer pesquisas preliminares, por meio da Agência Nacional de Petróleo (ANP), que indicam a possibilidade de existirem campos petrolíferos em determinadas áreas. Essas áreas são, posteriormente, leiloadas para a Petrobras ou qualquer empresa petrolífera interessada em abrir poços.
Suslick acha que seria preciso assegurar a realização desses investimentos: "Mesmo com a auto-suficiência, precisamos estar atentos para o fato de que os investimentos governamentais para a ANP têm de estar garantidos. Porque é justamente quando se atinge a auto-suficiência que se tem de fazer maiores investimentos em levantamentos básicos", diz o pesquisador. "É preciso conhecer melhor o arcabouço das bacias sedimentares brasileiras."
Depois da auto-suficiência, o caminho natural do Brasil, pensam alguns, é a exportação de óleo excedente. Mas Suslick acredita que a exportação não é tão simples.
"Em 2010, a gente vai ter uma produção de 2,3 milhões de barris de petróleo por dia no Brasil. Se o consumo crescer a uma taxa um pouquinho maior, vamos ter dois milhões ou 2,1 milhões de barris consumidos. Então, só teremos um excedente em torno de 200 mil a 300 mil barris para exportar. É pouco, diz ele. "Para se ter uma idéia, a produção na Arábia Saudita chega a 15 milhões de barris por dia".
