Estudo mostra que recuperação de estrada pode trazer soja a terras próximas a Santarém

20/04/2006 - 20h30

Ivan Richard
Da Agência Brasil

Brasília - A possibilidade da retomada do asfaltamento da BR 163, que liga a cidade de Cuiabá, no centro do Mato Grosso, à cidade de Santarém, no Pará, pode fazer avançar o cultivo da soja e impedir a plantação de outras culturas. Esse é um dos resultados do estudo sobre o impacto da cultura da soja às margens da BR 163 apresentado hoje (20) em Brasília.

Segundo Raimunda Monteiro, da Universidade Rural da Amazônia, que participou da elaboração do estudo, "hoje, podemos dizer que a produção de soja no eixo da BR 163 no estado do Pará, área de expansão da produção do Mato Grosso, ainda é pequena, mas ela tende, se não houver uma intervenção de zoneamento, a ocupar todas as terras planas, todas as terras com características de solo apropriados ou as terras que estariam próximas as portos, como o de Santarém", argumentou.

Na avaliação da pesquisadora da Universidade Rural da Amazônia, é necessário refletir que não é apenas a soja que é uma fonte de alimentos. "Temos também as espécies de cultivo anuais para alimentação temos que ter políticas de incentivo à plantação de mandioca, milho, arroz aos outros cereais que fazem parte da alimentação interna da região e do país", completou.

Para o assessor da Secretaria Desenvolvimento Sustentável do Ministério do Meio Ambiente, Shigeo Shiki, "o estudo nos permitiu ver que tipo de efeito que a dinâmica econômica, principalmente com a expansão da soja, pudesse causar nos sentidos positivo e negativo para região. Que efeitos poderia ter junto a população local do ponto de vista ambiental, principalmente em relação ao desmatamento, e até as questões sociais, como o controle da violência social que ocorre na região", explicou.

O estudo apresentado hoje servirá como base para o plano BR 163 Sustentável. Esse projeto é a primeira aplicação prática para consolidar o Plano Amazônia Sustentável (PAS). O estudo foi elaborado pelo Ministério do Meio Ambiente, em parceria com a Universidade de Brasília, a partir da metodologia desenvolvida pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).