Estrangeiros ilegais tentavam lucrar com petróleo brasileiro no início do século 20

20/04/2006 - 11h31

Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil

Rio – Um alemão assassinado no Rio de Janeiro tem seus mapas com localização de bacias petrolíferas roubados. Um mexicano arrecadava dinheiro do povo com uma pseudomáquina exploradora de óleo. Um grupo de europeus foge do país no auge da Segunda Guerra Mundial com o dinheiro da população do Pantanal. Esses são alguns dos casos que também fazem parte da pré-história do petróleo no país, na primeira metade do século 20.

O geólogo Giuseppe Bacoccoli, pesquisador da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), conta que um dos episódios mais curiosos aconteceu por volta da década de 1910, com o alemão José Bach, radicado em Alagoas.

"Esse alemão tinha informações da presença de petróleo em Alagoas e veio para o Rio de Janeiro para comunicar ao governo onde estava esse petróleo. Mas ele acabou sendo morto aqui na cidade e a mala com os documentos e mapas desapareceu", conta Bacoccoli.

"Tem um grupo que diz que as multinacionais assassinaram esse homem para que ele não revelasse que o Brasil tinha petróleo. Outros dizem que ele foi assaltado e roubaram a mala dele."

O período entre a perfuração do primeiro poço, em 1897, e a descoberta das bacias comerciais, na década de 1940, também foi marcado por especulações e estelionatários, que se aproveitavam da febre mundial do petróleo para enganar pessoas no Brasil.

"Algumas pessoas vendiam ações, prometendo explorar petróleo, e sumiam com o dinheiro. Isso aconteceu várias vezes", afirma o geólogo. "Tinha muito vigarista nesse meio."

Em Alagoas, apareceu um mexicano dizendo possuir uma máquina que servia, supostamente, para achar petróleo. "Era uma máquina, em que ele colocava uns fios e uns eletrodos dentro da terra. Os ponteiros que se mexiam quando ele enfiava os fios no chão", revela o pesquisador da UFRJ. "Ele dizia quantos milhões de barris havia lá embaixo. Um grande charlatão, pedia dinheiro para achar os poços e sumia."

Outro caso teria acontecido no pantanal mato-grossense. Segundo o geólogo, pouco antes da Segunda Guerra Mundial, um grupo de alemães criou uma companhia em Mato Grosso para explorar petróleo.

"Eles venderam ações para todo mundo. O fato é que os alemães juntaram muito dinheiro, arranjaram os equipamentos e disseram que iam começar a furar o poço", revela Bacoccoli. "Mas aí estourou a guerra e o governo brasileiro começou a perseguir os alemães. Quando a coisa ficou perigosa, eles fugiram e deixaram tudo para trás. Sumiram com o dinheiro."