Paulo Machado
Enviado especial

Brasília – O especialista em fitopatologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília, José Carmine Dianese, disse que em casos como o da cidade Lucas do Rio Verde (MT), o melhor é a própria população recolher provas para documentar a pulverização ilegal de agrotóxicos que caiu sobre as casas, alimentos e pessoas.

"A documentação necessária para se comprovar uma ocorrência de efeito de deriva de pesticida, no caso específico, de herbicida, tem que ser produzida logo após a aplicação do produto. Seria importante uma filmagem, com data definida no filme, e acompanhar esses sintomas ao mesmo tempo em que a população se encarrega de coletar as amostras e submeter a vários laboratórios confiáveis", sugeriu.

O cientista analisou, a pedido da Agência Brasil, as fotos das plantas atingidas pela pulverização de agrotóxicos na cidade em 1º. de março. As plantas foram fotografadas pelo agrônomo James Cabral, da organização não-governamental voltada para a promoção dos direitos humanos Fase, que esteve no local sete dias após a ocorrência. Foram cedidas para a equipe de reportagem da Radiobrás pelo Ponto de Cultura da cidade. (Veja especial.)

"Uma análise baseada em fotos é muito precária. No entanto, existe uma aparência, dada à incidência de sintomas, muito uniforme. Pode ter sido conseqüência de aplicação de herbicida. Mesmo porque essas manchas não têm características de doenças", afirmou Carmine. "Isso sugere uma deriva por agrotóxicos, mas não posso afirmar definitivamente que esse seja o caso, embora eu acredite que exista a possibilidade de ter sido isso."

Ele recomenda que, "na reincidência de um acidente dessa natureza, que se convocassem peritos em fitopatologia, para que visitassem a área e dessem um parecer técnico". A Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente reconhece que notificou o fato apenas uma semana depois, quando já era impossível a realização de exames.

Clique aqui para ler outras reportagens publicadas sobre o assunto.