Cotidiano de 200 funcionários da P-50 é dividido entre terra e alto-mar

20/04/2006 - 6h59

Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil

Rio – Uma viagem de uma hora de helicóptero separa a costa de Macaé, no estado do Rio de Janeiro, da plataforma P-50, maior unidade de produção da Petrobras e que vai garantir a auto-suficiência de petróleo para o Brasil. Ali, a dezenas de quilômetros do continente, na Bacia de Campos, trabalham cerca de 200 homens e mulheres.

Esses profissionais, popularmente conhecidos como "embarcados", atendem a um regime de trabalho diferente. Passam três semanas em casa, descansando, e duas semanas em alto-mar, sobre a estrutura da plataforma. Sua função é garantir a produção e a segurança da plataforma, construída com orçamento de aproximadamente R$ 1,5 bilhão e que tem previsão de continuar funcionando pelos próximos 25 anos.

O coordenador de embarcação Waldecir Farias é uma dessas pessoas. Sua mulher e duas filhas ficam em casa, no continente, enquanto ele passa sua jornada de 14 dias cuidando da estrutura da plataforma.

"Praticamente aqui se torna o nosso segundo lar. Até porque a gente tenta manter, dentro da nossa unidade, o ambiente familiar. Isso é muito importante para que consigamos atingir as nossas metas", conta Farias, acrescentando que o regime de turnos, dentro da plataforma, é de 12 horas de trabalho por 12 horas de descanso.

Academia, piscina e campo de futebol são alternativas de lazer para Waldecir Farias e os outros funcionários que trabalham na plataforma P-50, desde que os testes começaram, em março deste ano. Dividindo espaço com a área de lazer, estão equipamentos de produção de petróleo e gás de última geração, para retirar o óleo bem abaixo do casco da plataforma, a mais de 1.200 metros de profundidade.

A plataforma P-50 é a unidade que vai garantir a tão esperada auto-suficiência brasileira. Com o petróleo tirado dali, a produção da Petrobras ultrapassará a marca de um milhão e 900 mil barris. O que será suficiente para atender a toda a demanda de óleo do país.

Só da P-50, sairão 180 mil barris de petróleo por dia, além de gás. Essa produção máxima já deve ser atingida em setembro. Para isso, o trabalho é longo, quase completo. Primeiro, é feita a retirada do petróleo dos 16 poços que estão abaixo da P-50, no fundo do mar. O gerente da plataforma, Sergio Martins, explica que, em seguida, é feito seu tratamento para retirar a água e o gás que estão misturados ao petróleo.

"A gente tem três fases de tratamento. Uma fase que é o petróleo, que tem que ser separado dos resíduos de água. Outra fase de água, que é tratada e jogada no mar, sem resíduos de óleo. E uma fase gás, que tem alguns contaminantes e, por isso, precisa ser tratada para ir para o consumo na rede nacional de gasodutos", afirma.

Finalmente, é realizada a passagem do óleo para um navio transportador, que levará a carga para terminais no continente. Em seguida, o caminho do petróleo é a refinaria. Sergio Martins conta que depois do refino, o petróleo já está pronto para ser usado como combustível pelos carros e indústrias.

Ele explica que a P-50 é a maior plataforma da Petrobras, com 340 metros de comprimento e inaugura uma nova geração de unidades de produção da empresa. "A P-50 marca o início de uma geração de plataformas de grande porte, de 180 mil barris por dia. Essa capacidade exigia um pouco mais de tecnologia da empresa, para desenvolver equipamentos maiores, de maior peso", afirma.