Angra 3 poderá suprir até 80% do consumo de energia no estado do Rio de Janeiro

20/04/2006 - 19h24

Rio, 20/4/2006 (Agência Brasil - ABr) - Se a usina nuclear de Angra 3 estivesse pronta, ela poderia suprir entre 70% a 80% do consumo de energia do Estado do Rio de Janeiro, afirmou hoje (20) o assessor da diretoria de Produção da Eletronuclear, engenheiro Luiz Roberto Cordilha Porto. Há 29 anos ele trabalha na Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, no município de Angra dos Reis, na Costa Verde fluminense.

As usinas atualmente em funcionamento (Angra 1 e 2) responderam, no ano passado, por 30% do consumo no estado. Entretanto, a média de participação das duas unidades desde o início de operação comercial de Angra 2, em 2001, vem sendo de 50% do consumo do estado por ano. No primeiro ano de operação, explicou Porto, a produção de Angra 1 e 2 atingiu 14,5 gigawatts/hora(GWh), o que correspondeu à metade do consumo do Rio de Janeiro.

"Se a decisão [de construção de Angra 3] fosse tomada hoje, em dezembro de 2012 ela estaria entrando em operação", estimou o assessor da Eletronuclear. O cronograma prevê 60 meses de obras civis mais um ano de preparação, o que projeta a previsão de entrada em funcionamento da nova usina a um prazo de seis anos.

A decisão de construir Angra 3 é do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), cabendo a palavra final ao presidente da República. O projeto já tem 30% concluídos, repetindo o modelo utilizado para a usina de Angra 2, cuja potência é similar, da ordem de 1.350 megawatts (MW). O custo atual para manutenção dos equipamentos importados já adquiridos e preservação do patrimônio atinge US$ 20 milhões por ano. Para terminar Angra 3, serão necessários ainda US$ 1,8 bilhão em investimentos, que se somarão aos US$ 750 milhões já aplicados na compra de equipamentos.

Entre as vantagens de construção de Angra 3, Luiz Roberto Porto enumerou a proximidade dos centros consumidores, com linhas de transmissão curtas, o que dá maior confiabilidade ao sistema; complementação térmica para um sistema hidráulico independente de fatores climáticos; combustível existente no país – o Brasil tem a sexta reserva mundial de urânio; geração de energia limpa em relação às outras usinas térmicas. Outras vantagens, segundo o especialista, são a fixação de tecnologia no país, utilização de combustível de baixo custo e a manutenção de controle sobre os rejeitos gerados.

As dificuldades encontradas para a construção da nova unidade nuclear incluem falta de aceitação pública, custos e a questão dos rejeitos. Luiz Roberto Porto afirmou que para atender o aumento do consumo, que deverá dobrar em cinco anos, o Brasil tem de diversificar a matriz energética, por meio da construção de usinas térmicas a carvão, a óleo e a gás, além de usinas nucleares e de fontes alternativas de energia, como eólica, solar e biomassa".

Dados referentes a 2003, divulgados por Porto, mostram que o consumo brasileiro era àquela época de 2.235 quilowatts por habitante ao ano. Do total da potência instalada no país, em torno de 90 gigawatts (GW), 70% da energia são produzidos nas regiões Sudeste e Centro-Oeste.