Tecnologia é um dos pontos principais das negociações entre Paraná e Venezuela

19/04/2006 - 11h22

Lúcia Nórcio
Repórter da Agência Brasil

Curitiba - Representantes dos governos do Paraná e da Venezuela divulgaram alguns dos planos de ação que serão tratados amanhã (20) pela manhã, no Palácio Iguaçu, durante encontro do presidente venezuelano, Hugo Chávez, com o governador do estado, Roberto Requião.

A maioria é de assistência técnica e transferência de tecnologia paranaense aos governos estaduais e ao governo venezuelano e parcerias entre empresas paranaenses e venezuelanas. De acordo com a Secretaria da Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul e a Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), os negócios devem superar US$ 300 milhões.

Alcasa (CVG Aluminio del Caroní S.A.) - empresa que produz e comercializa produtos primários de alumínio, cilindros e laminados - busca parceiros para instalação de uma fábrica de processamento de resíduos industriais de alumínio e também para fabricação de pasta fria. O investimento é estimado em US$ 6 milhões e vai gerar 800 empregos diretos e outros 3,2 mil indiretos.

O estado de Mérida procura assistência técnica e tecnológica para desenvolver pecuária leiteira e de corte (girolando), produzir e comercializar vacinas veterinárias, produzir proteínas e fertilizantes e criar um banco de sementes certificadas. O estado prevê investimentos de US$ 12 milhões nos seus projetos.

De acordo com o coordenador de Assuntos Internacionais e do Mercosul, Santiago Gallo, ao estado de Monagas, o Paraná oferecerá assistência para cultivo de 10 mil hectares de soja convencional e desenvolvimento de suinocultura, além do manejo de resíduos sólidos e do manejo sustentável das bacias hidrográficas do estado. Os investimentos em Monagas estão previstos em US$ 85,3 milhões.

O estado de Lara procura apoio e fomento à indústria de cerâmica vermelha, produção de proteínas e fertilizantes biorgânicos, implantação de laboratório de produção software livre e de comunicação sem fio. Além do desenvolvimento das atividades agrícolas, agro-industriais, formação e capacitação de mão-de-obra e saneamento básico. Os investimentos em Lara podem ultrapassar a casa dos US$ 169 milhões.

No estado de Anzoátegui procura apoio para programas de forrageiras para fomento da pecuária, para implantação de centros agrícolas, produção de soja e de classificação e reciclagem de resíduos sólidos. O Estado, conforme o Ministério de Integração da Venezuela, pode investir US$ 30 milhões em seus projetos. O Estado de Ingeomin prevê US$ 700 mil para escolas de artesanatos e formação de mão-de-obra.

Galo afirmou que através da Fundação para o Desenvolvimento da Ciência e Tecnologia (Fundacite), os estados de Mérida e Lara vão investir US$ 1,3 milhão em projetos de tecnologia, consultoria em engenharia de software e desenvolvimento de pesquisas na área de informática pública. Mais US$ 1,4 milhão serão usados pelo governo da Venezuela para criação, fortalecimento e massificação de tecnologias livres de informação.

É grande também a expectativa do empresariado paranaense. Segundo Celso Gusso, da Arauplast, de Curitiba, sua empresa é fabricante de embalagens plásticas e tem interesse em importar e exportar produtos para a Venezuela. "Queremos comprar matérias-primas como polietileno e filmes termo-plásticos para embalagens e revender ao país nossas embalagens flexíveis para o setor alimentício e de varejo.

Com uma produção de 50 mil cadeiras de plásticos destinadas ao mercado interno, a Multiplas Indústria de Plásticos, também de Curitiba, pretende com a missão uma abertura ao comércio exterior. "Acreditamos principalmente no acabamento do produto e no preço competitivo (de US$ 7,50 a cadeira padrão) para entrarmos no mercado venezuelano".

Alex de Lima , professor da Universidade de São Paulo (USP), vai apresentar um novo item para brasileiros e venezuelanos: um produto químico que, segundo ele, pode maximizar o uso do petróleo e diminuir a emissão de poluentes na atmosfera. "Vou mostrar um estudo já testado e aprovado por norte-americanos que pode garantir, tanto na Venezuela quanto no Paraná, a construção de refinarias menos poluentes".