Governo boliviano acusa empresa brasileira de violar meio ambiente, companhia nega

19/04/2006 - 18h46

Érica Santana
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A empresa brasileira EBX Siderurgia de Bolívia S.A comunicou hoje (19), por meio de nota, que o projeto siderúrgico previsto para ser desenvolvido na Província Germán Busch de Santa Cruz, na Bolívia, "é completamente sustentável e amigável ao meio ambiente". O Grupo EBX é um conglomerado brasileiro que atua no segmento de recursos naturais, com destaque para mineração, metálicos, energia, florestas, água e saneamento.

Hoje, a Agencia Boliviana de Informacion (ABI), a agência oficial de comunicação do país, publicou uma reportagem na qual o vice-ministro de Governo da Bolívia, Rafael Puente, disse que a empresa brasileira " é evidentemente ilegal" e "pretende ser implantada em uma zona que está expressamente proibida pela Constituição Política do Estado". Segundo Puente, a área onde o projeto seria desenvolvido é uma zona florestal declarada como reserva nacional.

Na nota, a EBX nega que sua presença na fronteira do Brasil seja ilegal e afirma ser uma empresa "devidamente constituída na Bolívia, com todos os registros corporativos e tributários em dia e ordem". A companhia também diz que o projeto não tem intenção de afetar o meio ambiente nem os recursos florestais da região, mas de aproveitar "novas plantações de eucaliptos, resíduos florestais e evitar as queimadas indiscriminadas como as que ocorrem atualmente".

A EBX declara que o governo do presidente Evo Morales não deu oportunidade para a empresa apresentar e discutir o projeto siderúrgico, e que as autoridades teriam dificultado a obtenção de licença ambiental. "Embora nossa empresa tenha utilizado os recursos legais disponíveis, observa-se que existe uma atitude negativa que atrasa o desenvolvimento do projeto e nos impede de aproveitar as condições favoráveis do mercado existentes atualmente". A EBX destaca ainda que o projeto teria sido "amplamente discutido" com o governo anterior.

O texto distribuído pela EBX ressalta que, se não houver acordo com o atual governo, não haverá outra opção senão desistir do investimento e realocá-lo em outras regiões. O projeto siderúrgico está dividido em duas etapas: a primeira envolve a produção de ferro gusa a partir do minério de ferro e outras matérias primas da região. A segunda está relacionada à produção de aço. No projeto, estão previstos investimentos de US$ 268 milhões e a criação de 620 empregos diretos e cinco mil indiretos.

Hoje, moradores de dez municípios da Bolívia decretaram greve geral e bloquearam a fronteira entre a Bolívia e o Brasil em protesto pela decisão do governo de suspender a projeto da EBX. Ontem (19), a população de Porto Suarez manteve três ministros como reféns para pressionar o governo a aprovar uma lei para legalizar as operações da empresa brasileira.