Em 2006, cai número de mortes no campo, apesar do crescimento das ocupações

18/04/2006 - 15h54

Keite Camacho
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Nos três primeiros meses deste ano, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) registrou três assassinatos no campo contra 13 no mesmo período do ano passado. O secretário nacional da CPT, Antônio Canuto, considera o "quadro atual bem melhor". Canuto falou durante o lançamento do livro Conflitos no Campo – Brasil 2005, na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.

Ele destacou que, nesse mesmo período, o número de pessoas que realizam ocupações de terras aumentou. "No ano passado, eram 10 mil pessoas que estavam nas ocupações e, este ano, já são 16 mil. Isso significa que o pessoal ainda está lutando para que haja a reforma agrária e estão usando os instrumentos que têm. A ocupação é a forma única que sobra para o movimento se fazer ouvir", afirmou.

Canuto lembrou que quem participa da luta junto com os trabalhadores assume o risco. Ele se referia aos que morreram nestes movimentos. É o caso de Francisco Anselmo de Barros, que ateou fogo ao corpo em uma causa em defesa do pantanal. O fato ocorreu em novembro de 2005, no final de uma manifestação contra a implantação de usinas de álcool na região.

A mulher de Canuto, Iracema Sampaio de Barros, espera que a sua luta não tenha sido em vão. "Ele brigava, como ambientalista, contra as usinas em razão do dano que causavam ao meio ambiente e ao trabalho escravo. A ligação dele com o meio ambiente era em função do ser humano", disse.

O livro Conflitos no Campo lembra ainda de casos como o assassinado da missionária Dorothy Stang, no Pará, a greve de fome de Dom Luiz Cappio, bispo de Barra na Bahia, contra a interligação de bacias do Rio São Francisco; além de fazer menção ao massacre de Eldorado dos Carajás, em abril de 1996, quando 19 sem-terra foram assassinados.