Brasil pretende diversificar exportações para equilibrar comércio com a Argélia, diz Amorim

18/04/2006 - 20h58

Brasília, 18/4/2006 (Agência Brasil - ABr) - O Brasil pretende diversificar suas exportações para a Argélia de forma a equilibrar a corrente comercial com o país árabe. Em 2005, o déficit brasileiro foi de US$ 2,4 bilhões. Em visita de três dias ao Brasil, encerrada hoje (18), o ministro dos Negócios Estrangeiros da Argélia, Mohammed Bedjaoui, reuniu-se com diversos ministros e participou, com o chanceler Celso Amorim, da 2ª Reunião da Comissão Mista Brasil-Argélia - a primeira ocorreu há 19 anos.

Segundo o ministro Celso Amorim, a aproximação política entre os dois países "fornece uma moldura para impulsionar o comércio". A Argélia é o segundo maior parceiro comercial do Brasil na África – atrás apenas da Nigéria - e o primeiro no mundo árabe.

O Brasil é o primeiro parceiro em desenvolvimento da Argélia e o sétimo em âmbito global. Apesar disso, desde 1989 o Brasil compra mais do que vende para a aquele país. Em 2005, o Brasil importou US$ 2,82 bilhões da Argélia – básicamente produtos de petróleo – e importou apenas US$ 384 milhões.

"Estamos tentando diversificar. Não se trata de buscar um equilíbrio absoluto, pois a natureza de comércio não permite isso, mas de ter uma presença maior como exportadores, seja de bens, seja de serviços", disse Amorim após o encerramento da reunião bilateral. O encontro aprofundou possibilidades de cooperação nas áreas penal, judiciária, ciência e tecnologia, agricultura e saúde.

Bedjaoui aproveitou a passagem por Brasília para encontrar-se ainda com os ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, e da Defesa, Waldir Pires. "Muito importantes foram os encontros de natureza econômico-comercial", destacou Amorim.

Em fevereiro passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou visita de Estado à Argélia – na ocasião, foram assinados diversos acordos de cooperação. O chanceler brasileiro esteve na Argélia em fevereiro do ano passado. A aproximação entre Brasil e Argélia se intensificou em 2005. Em maio, o presidente argelino, Abdelaziz Bouteflika, realizou visita de Estado ao Brasil. Em novembro, o ministro Furlan comandou missão comercial ao país árabe, em busca de novas oportunidades de negócios e investimentos.

Segundo Amorim, a aproximação já está se refletindo nas relações comerciais. O ministro lembrou que empresas brasileiras começam a participar de projetos de obras públicas na Argélia e que também há projetos de trabalhos conjuntos em áreas ligadas à indústria de materiais de transporte. A Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) avança em contratos com o governo argelino para fornecimento de aviões civis e militares.

Outra área promissora, na opinião do chanceler, é a de gás e petróleo. Amorim informou que será entregue, nos próximos dias, convite do ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, para que o ministro de Energia argelino venha ao Brasil.