Vannuchi diz que Executivo pode ajudar na luta contra a impunidade em Eldorado dos Carajás

17/04/2006 - 18h59

Alessandra Bastos
Enviada especial

Eldorado dos Carajás (PA) - Dez anos depois do Massacre de Eldorado dos Carajás, o local conhecido como Curva do S, na estrada que liga o município de Marabá ao de Eldorado dos Carajás, no sudeste do Pará, foi novamente interditado. Exatamente no lugar onde 19 integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra) morreram em conflito com policiais militares, cerca de mil pessoas, de acordo com a Polícia Federal, reuniram-se hoje (17).

O objetivo do encontro, segundo um dos coordenadores nacionais do MST, João Pedro Stédile, foi "chamar a atenção da sociedade para nós comemorarmos, que não é fazer festa, mas celebrar em comunidade esse massacre, que é um grito que não quer se calar, porque continua impune".

O ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial de Direitos Humanos, visitou hoje o acampamento montado na curva do "S" e ressaltou que pode ajudar na luta contra a impunidade, mas que essa é uma tarefa do Poder Judiciário. "O Poder Executivo não pode ficar determinando o que o Judiciário deve fazer. O que cabe a nós é usar os nossos instrumentos de pressão e convencimento para construir, no Judiciário, a consciência de que isso não pode ficar como está. A demanda do MST é justa", afirmou.

Dos 146 policiais que participaram do conflito há dez anos, dois comandantes foram condenados, mas permanecem em liberdade.