Não há razões para decretar falência da Varig, diz juiz responsável pelo caso

17/04/2006 - 18h42

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio – O juiz Luiz Roberto Ayoub desmentiu hoje (17) a notícia de que estaria pronto para assinar a falência da Varig. O juiz é o titular da 1ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, que responde também pela 8ª Vara Empresarial, onde tramita o processo de recuperação judicial da companhia aérea.

"Eu não serei o irresponsável por decretar a falência da empresa enquanto acreditar e tiver informações de que ela é viável", afirmou Ayoub. "Se não o fiz é porque não vejo razões para isso", acrescentou.

Segundo ele, a justiça fluminense se preocupa com a recuperação da Varig, que a considera um patrimônio nacional. Ele lamentou que "estivessem [a imprensa] antecipando decisões que o juiz não tomou. Só se for um clone meu", disse o magistrado.

Ayoub afirmou que as informações que tem recebido de administradores desde que a Varig entrou em processo de recuperação judicial são de que a companhia passa por dificuldades, mas é viável e tem condições de continuar operando.

O juiz confirmou ter recebido o comunicado da 14ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro sobre a liminar concedida na semana passada à entidade Trabalhadores do Grupo Varig (TGV) autorizando o arresto dos ativos da companhia. De acordo com ele, a questão foi encaminhada para o Ministério Público estadual dar seu parecer.

Mas negou ter recebido proposta de compra da Varig pela Varig Log, do grupo Volo do Brasil. Ele lembrou que qualquer proposta de compra da companhia aérea tem que ser dirigida primeiro aos credores da empresa. "São eles que vão aprovar ou não qualquer proposta de compra", disse, acrescentando que, somente depois de aprovada, a oferta vai para a esfera da Justiça.

Ayoub reiterou que até agora não recebeu qualquer pedido para a ampliação do prazo de pagamento da Varig aos credores públicos Infraero e BR Distribuidora. Em relação à reunião de hoje com membros da diretoria da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o juiz explicou que eles foram procurá-lo em razão de notícias "divergentes" que estavam sendo publicadas na imprensa. A próxima assembléia dos credores da Varig está marcada para o início de maio.